CPI do Projovem

CPI ouve André Fortes, ex-coordenador do Projovem

André Fortes rebateu acusações Foto: Fernanda Westerhofer
André Fortes rebateu acusações Foto: Fernanda Westerhofer

Nos trabalhos da CPI do Projovem desta quinta-feira (7/4), na Câmara Municipal de Porto Alegre, dois ex-coordenadores do Projovem na gestão de Juliana Brizola, ex-vereadora da Capital e atual deputada estadual, e de Alexandre “Rambo” da Silveira, compareceram para depor sobre as investigações de possíveis irregularidades no programa executado pela prefeitura. Ambos negaram qualquer tipo de participação em irregularidades na gestão de Juliana e Rambo, e ressaltaram fazer parte do grupo político da deputada.

André Cristiano Alves Fortes, apontado pela ex-adjunta de Juliana, Adriane Rodrigues, de exigir parte de seu salário para colaborar com a campanha de Juliana, negou essa prática e classificou as acusações como “calúnias”. “O episódio não aconteceu”, relatou ao mencionar ser padrinho de casamento de Adriane com Flávio Zacher, irmão do vereador Mauro Zacher, que também tem sua gestão investigada pela CPI durante sua passagem pela Secretaria Municipal da Juventude (SMJ).

Fortes relatou, ainda, que não foi contratado pela SMJ para coordenar o Projovem, e sim pela Fundação Ulbra (Fulbra). Observou que, quando assumiu o cargo, no início da gestão de Juliana, no final de 2007, o programa estava paralisado há três meses, desde a transição da gestão de Mauro Zacher. “Mas fui convidado pela Fulbra, e Juliana disse que o meu trabalho com o de Cleci (Jurach, ex-coordenadora do Projovem na SMJ) ‘se complementariam’ no Projovem”, disse André Fortes.

Sobre depoimento de Juliana Brizola na CPI, de que não o conheceria, André Fortes disse que a deputada referia-se a participação dele na SMJ, pois não era nomeado na pasta, e informou que conversou com ela e que, se fosse preciso, ela se manifestaria novamente sobre o assunto, de acordo com André.

Quanto ao repasse antecipado de R$ 300 mil para a Fulbra, disse que o quadro do Projovem naquele momento era “trágico”, com educadores e alunos sem receber, motivo pelo qual o programa foi paralisado. “O recurso foi repassado antecipadamente, mas desconheço as questões jurídicas e de como isto se procedeu. Acredito que seja para pagar os professores”, informou ele.

O relator da CPI, vereador Reginaldo Pujol (DEM), perguntou se havia contratação em demasia de professores por existir mais de 200 turmas para cerca de quatro mil alunos. “Acredito que sim”, disse André Fortes ao lembrar do período de transição entre a gestão de Zacher e Juliana, quando foi convocado pelo ex-presidente do PDT, Matheus Schmidt, para corrigir a situação do Projovem.

Quilombos

Outro alvo de investigação da CPI, o projeto Quilombos da Juventude também teve a coordenação de André Fortes, mas como contratado da entidade conveniada pela SMJ, a Associação dos Moradores da Vila Tronco (Amavitron), presidida por Paulo Jorge e que já depôs na Comissão.

“Me desliguei da Fulbra em maio de 2008 e fui para a Amavitron em novembro. Não fui indicado pela SMJ, e fui convidado pelo presidente Paulo Jorge”, informou. Fortes ressalta que foi contratado como coordenador executivo, e não julgava e ordenava valores e despesas, que ficavam a cargo da direção da Amavitron.

Fortes admitiu que foram indicados nomes pela SMJ e outras pastas e entidades, como a Secretaria da Cultura e a FASC, mas que existia avaliação técnica de profissionais da Amavitron, que também indicou nomes. “Houve indicações tanto da SMJ como da associação”. Sobre compras de materiais e serviços, disse que não eram responsabilidade dele, e sim do presidente Paulo Jorge.

“Não posso impor ao presidente, e nem fui contratado para comprar material”, disse o depoente, avaliando que a assinatura mostrada pelo vereador Mauro Pinheiro (PT) em um nota fiscal era “para conferência de material”.

Questionado sobre possíveis irregularidades na gestão anterior a que participou junto à SMJ, comandada por Mauro Zacher, disse que “as irregularidades que encontramos entregamos em relatório à Casa. E os pormenores estão no processo”. Entretanto, disse que não conseguiu comprovar fato ilícito em relação ao Projovem na gestão de Zacher.

Depoimento 

Antes de depoimento de André Fortes à CPI, depôs no Plenário Otávio Rocha o ex-assessor da SMJ, Ânderson da Silveira Farias. Ele trabalhou nos três meses da gestão de Juliana Brizola na área administrativa, e na gestão de Alexandre Souza, o Rambo, a partir de janeiro de 2009, já como gerente administrativo e posteriormente como coordenador do Programa Projovem. Destacou que também pertence ao grupo político de Juliana Brizola e que é “oposição ao grupo de Mauro Zacher”. Relatou que fiscalizava alguns trabalhos que a Fulbra fazia na gestão do Projovem.

Disse que André Fortes era coordenador do Projovem junto a Fulbra e depois com a Amavitron, e que o mesmo frequentava as dependências da SMJ para discutir os programas, mas que não tinha sala ou local de trabalho nas dependências. Relatou que nunca foi convidado a repartir salário com qualquer pessoa da secretaria. Ponderou que desconhece irregularidades em projetos em razão da sua função, que não tinha incumbência de fazer sindicâncias e auditorias. “Sei apenas o que sai no jornal”, avisou.

Leonardo Oliveira (reg. prof. 12552)