Seminário Nacional

Educação não sexista exige qualificação dos professores, dizem especialistas

Natália Méndez: "Escola estabelece e consolida distinções sociais" Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA
Natália Méndez: "Escola estabelece e consolida distinções sociais" Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)
A importância do investimento na qualificação dos professores e professoras como forma de valorizar a educação de gênero nas escolas da Capital foi um dos assunto tratados pelos debatedores, nesta sexta-feira (1º/4) pela manhã, no segundo painel do I Seminário Nacional com o tema Qual o Currículo para Uma Educação Não Sexista. Promovido pelaProcuradoria Especial da Mulher, da Câmara Municipal de Porto Alegre, o evento foi realizado no Plenário Otávio Rocha. No encontro, presidido pela vereadora SofiaCavedon (PT), as palestrantes Natália Pietra Méndez, Elizabeth Baldi e PatríciaFerreira debateram a especialização de professores para lecionarem a educação de gênero nos educandários.

A representante do Departamento de História da UFRGS, Natália Méndez, destacouque, desde muito tempo, a escola é vista como uma instituição que estabelece e consolidadistinções sociais, tornando um espaço disciplinador de sujeitos. Segundo ela,o currículo sexista acompanha o ensino educacional desde os primórdios, quandomeninos e meninas estudavam em locais separados. “É difícil introduzir um novométodo de ensino, uma vez que a escola teve no seu inicio essa separação desexos”, disse. 

Natália frisou ainda que, mesmo diante de tantas lutas pelo direito dasmulheres, há pouca participação delas nos livros de História. “Existemprotagonismos dentro da sociedade que não são apenas vindas do sexo masculino.Mulheres importantes que fizeram a diferença merecem este reconhecimento, e nãoapenas serem caracterizadas como mulheres que estavam à frente do seu tempo,tornando-as como um suplemento na História.”

Alternativas

Segundo as palestrantes, trazer as questões de gênero nos diversosassuntos abordados em aula é uma forma simples, de fácil entendimento edidática, de ensinar os alunos. “A qualificação para os professores éindispensável. As faculdades não investem neste tipo de abordagem, e por isso,muitos educadores buscam formas alternativas de aprender, para ensinar osjovens”, disse a representante do Departamento de História da UFRGS.

Professora da Uniafro/UFRGS, Patrícia Pereira salientou que os meios didáticosdas escolas expulsa os alunos. “Quando pequena, era aquela aluna que pedia todahora para ir ao banheiro, para tomar água, porque não conseguia me concentrarna aula. O método adotado no currículo escolar expulsa os alunos, pois nãosomos educados assim. Passar quatro horas sentados dentro de uma sala é cansativopara os alunos”, disse. Patrícia citou ainda a importância de professores eprofessoras negras lecionando nas escolas, como uma forma de barrar opreconceito e o racismo. “Precisamos de mais educadores negros nas escolas.Devemos estar ali em tempo integral, não apenas na Semana da Consciência Negra.”

Ao findar a reunião, foi aberto debate ao público que ocupou as galerias da CâmaraMunicipal de Porto Alegre. Dúvidas, considerações e trocas de experiênciasforam abordadas junto às palestrantes.


Texto: Clara Porto Alegre (estagiária de Jornalismo)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)