Palestra

Experiência de Barcelona pode virar modelo para o 4º Distrito

Piqué fez ligações entre as propostas espanhola e de Porto Alegre Foto: Ederson Nunes
Piqué fez ligações entre as propostas espanhola e de Porto Alegre Foto: Ederson Nunes (Foto: Foto de Ederson Nunes/CMPA)
A Câmara Municipal de Porto Alegre recebeu, na noite desta quarta-feira (14/10), o vice-presidente da Associação Internacional de Parques Científicos e Áreas de Inovação (Iasp) e diretor do Projeto @22 de Barcelona, o espanhol Josep Miquel Piqué para uma palestra aberta ao público. Piqué abordou o tema Um novo modelo de cidade - A experiência de Barcelona no Projeto @22. O evento, que ocorreu no plenário Otávio Rocha, é uma promoção do Parlamento Metropolitano da Grande Porto Alegre e da Câmara, com apoio do Tecnopuc e da Prefeitura da Capital.

O objetivo da Câmara ao promover o encontro “é o de divulgar a experiência de Barcelona @22”, um projeto urbanístico que transforma 200 hectares de terreno industrial de Poble Nou em um distrito inovador, disse o presidente do parlamento, vereador Mauro Pinheiro (PT). Lembrou que o projeto espanhol oferece espaços modernos para a “concentração estratégica de atividades intensivas em conhecimento”. Para Mauro Pinheiro, a iniciativa “é um projeto de renovação urbana e um novo modelo de cidade” que, segundo ele, tem o objetivo de responder aos “desafios da sociedade do conhecimento”. A intenção é a recuperação de uma área de Porto Alegre que foi o berço do progresso da Capital composta pelos bairros Floresta, Navegantes, Humaitá, Farrapos e São Geraldo, conhecido como 4º Distrito e que lida com problemas recorrentes.

Poble Nou

Piqué abriu a palestra apresentando um vídeo do projeto executado em Barcelona mostrando que o bairro de Poble Nou era degradado, perigoso e que passou por um projeto de humanização e de incentivo à indústria e comércio. Foi despertando o interesse destes setores, entre eles o de uma universidade, que se tornou possível alavancar o progresso. Foi desta forma se chegou a um projeto de sustentabilidade com as plataformas necessárias para incrementar a qualidade e a competitividade de quem acreditou nesta iniciativa criativa e inovadora, afirmou Piqué. “O distrito se tornou um modelo para outras cidades e países”, comemorou. Afirmando que é preciso ser visionário para garantir o futuro, Piqué disse que o impacto da tecnologia foi importante para vender a ideia associado às plataformas existentes, referindo-se às formas de comunicação utilizadas para se chegar às pessoas. Só assim foi possível mostrar que a cidade oferecia um modelo, um objeto de inovação elencado com todos os setores.

A importância de uma universidade no contexto foi uma de fundamental importância para a transformação econômica e social. Lembrou que a administração pública tem uma função fundamental para o desenvolvimento mostrando o seu compromisso com as propostas. Entende que esta é uma das atitudes que porto Alegre deve adotar em relação ao 4º Distrito, “oferecer oportunidade, arregimentar investidores”, destacando que é indispensável para isso um compartilhamento entre os partidos políticos para que acreditem e colaborem com a ideia, “um consenso entre todos os entes”, reforçou.

Piqué vislumbra que Porto Alegre tem uma plataforma ideal para atrair a indústria e comércio “não só local, mas do mundo”, reafirmando que é preciso atrair os talentos locais para criar condições. Piqué lembrou que a tecnologia deve ser global “para atrair o mercado internacional” e para isso é preciso que se tenha abertura necessária para receber novos investidores. Observou que enquanto a Espanha enfrentava uma dura crise, Barcelona conseguia crescer porque inovava e se internacionalizava.

“Não há outra solução. Quando o mercado local cai é preciso buscar fora”, disse ele. Ciência, tecnologia, empresa e mercado são as bases de tudo, afirmou Piqué, revelando que hoje as empresas como de telefonia e informática estão procurando mercado, estando aí uma grande possibilidade a ser pensada. Neste sentido é preciso pensar, “saber em que setores investir, definir a vocação do 4º Distrito. Assim como no futebol é necessário que se tenha um modelo de atuação, “onde os jogadores jogam o coletivo e se ajudam em campo”, comparou.
 
Ponderou, no entanto, que o modelo utilizado em Barcelona não expulsou a população que vivia no distrito antes da ocupação, dizendo que a fórmula utilizada foi a de criar espaços de moradia “vivendas sociais” e de convivência para que continuassem no mesmo bairro. Os recursos para a infraestrutura vieram por meio de financiamento publico e privado, principalmente das empresas com interesse em se estabelecer naquela área. Finalizou que através de um serviço de infraestrutura completa “foi possível transformar um espaço degradado em um espaço próprio graças à utilização de politicas públicas eficientes”.

Ações

Para o pró-reitor de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, professor Jorge Audy, é preciso talento para estes desafios. “E Porto Alegre tem de sobra, bem servida”, este é o fator número um para encarar novos projetos. Estudos já deslumbravam o potencial do 4º Distrito para a implantação de áreas tecnológicas próximo do aeroporto. Segundo ele, é preciso pensar grande “para termos um modelo de desenvolvimento que queremos, aos moldes de Barcelona”, concluiu.  

Já o secretário da Fazenda de Porto Alegre, Jorge Tonetto, afirmou que é preciso convencer as pessoas “de que o projeto vai andar”, revelando que a prefeitura está em busca “destes colaboradores”. Disse que não falta coragem para os empreendedores gaúchos na busca de novos desafios como é o da inovação tecnológica e a reinvenção do 4º Distrito. Finalizou anunciando que tem muita gente interessada no projeto desde o setor empresarial ao universitário.

Mauro Pinheiro encerrou o evento reforçando que a vinda de Josep Piqué a Porto Alegre foi para colaborar na discussão de um projeto de revitalização do 4º Distrito. Espera agora que o Executivo elabore um projeto com as características da capital "para que se possa dar início às discussões na Câmara e com a sociedade", finalizou. 

Texto: Flávio Damiani (reg prof 6180)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)