Exposição destaca a história e o legado de Paixão Côrtes
São 13 painéis de fotos e textos que descrevem a trajetória do folclorista nascido em Santana do Livramento
Para marcar o mês da Semana Farroupilha, a Câmara Municipal de Porto Alegre apresenta, até o dia 29 de setembro, a exposição itinerante Paixão pelo Rio Grande: a trajetória de J. C. Paixão Côrtes. Criada em 13 banners de fotos e textos pelo Memorial da Câmara, a mostra descreve a trajetória do folclorista, escritor, compositor e radialista que completou 90 anos em 2017, enfatizando seu trabalho como pesquisador. Com imagens do acervo pessoal do autor, a exposição destaca ainda a atuação de Paixão como integrante do Grupo dos 8, do Departamento de Tradições Gaúchas do Colégio Júlio de Castilhos, e sua parceria com o escritor Barbosa Lessa.
Nascido em 12 de julho de 1927, em Santana do Livramento, João Carlos Paixão Côrtes começou a publicar suas primeiras obras sobre a cultura gaúcha em 1950, com Lendas Brasileiras. Paralelamente, entre diversas atividades, atuou como radialista no programa Festa de Galpão, em 1953. Também nesse ano fundou o conjunto folclórico Tropeiros da Tradição e, dois anos depois, estreou o programa de rádio Grande Rodeio Coringa, tornando-se grande orador.
Em 1956, Paixão publicou Manual de Danças Gaúchas, com Barbosa Lessa. Graças à pesquisa por eles realizada, a cantora Inezita Barroso gravou as músicas tradicionais gaúchas Chimarrita-balão, Balaio e Xote Carreirinha, entre outras. O pesquisador também teve carreira internacional: apresentou-se no Olympia de Paris, na Sorbonne, no Hotel de Ville e no Teatro Alhambra.
Em 1960, o folclorista publicou Terno de Reis e Folclore Musical e, no ano seguinte, Vestimenta do Gaúcho. Em 1961, lançou Gaúchos de Faca na Bota e gravou o disco Folclore do Pampa. Em 1964, marcou presença na Feira Mundial de Transportes e Comunicação, em Munique, Alemanha. No mesmo ano, ainda recebeu o prêmio de Melhor Cantor Masculino de Folclore do Brasil.
Religiosidade popular
A exposição aborda também os estudos de Paixão sobre religiosidade popular, em especial a publicação da obra Reses, em 1979. No ano seguinte, lança o livro Festas Juninas e dos Santos Padroeiros, republicado em 1982. Ao longo desse tempo, aprimorou seu método antropológico de pesquisa, baseado na etnografia, gravando e fotografando as manifestações de religiosidade popular das cidades que visita. As obras de Paixão se sucedem: Falando em Tradição & Folclore Gaúcho, 1981; Natal Gaúcho e dos Santos Reses, 1982; e Folias do Divino, 1983.
Como resume o Memorial da Câmara, a exposição evidencia que, ao longo de sua trajetória, Paixão passou dos aspectos gerais da cultura, como a dança gaúcha e as características do gaúcho, para temas particulares. “O folclorista aprofundou o que era apenas indicado nos estudos anteriores, com novas pesquisas, e fez isso sempre pensando na prática, principalmente em sua vocação educacional, quando criou o Movimento Gauchesco Artístico-Cultural Rio-grandense (Mogar), para difundir a cultura gaúcha às novas gerações”, finaliza Jorge Barcellos, servidor do Memorial.
Texto: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)