Falta de infraestrutura do terminal de ônibus prejudica moradores da Restinga
Nova garagem para guardar os coletivos estaria em cima de um banhado, segundo os moradores.
Vladimir Machado disse que comunidade interditou o local por falta de condições de uso (Foto: Josiele Silva/CMPA) Vereadores pediram que EPTC apresente um projeto para o local em dez dias (Foto: Josiele Silva/CMPA)
A falta de infraestrutura do terminal de ônibus da Restinga foi o tema da reunião realizada pela Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh) realizada na tarde desta terça-feira (18/10), na Câmara Municipal de Porto Alegre. A licitação do transporte coletivo de Porto Alegre, que entrou em vigor em fevereiro deste ano, mudou a empresa de ônibus que prestava serviços ao bairro: a Restinga Transportes Coletivos, que operava na região desde o final da década de 1980 e possuía uma garagem no local para guardar os automóveis, foi substituída pela Viva Sul Consórcio. A nova empresa, que pertence à Trevo, transferiu a garagem para a sede da empresa, a 16 quilômetros da Restinga, e criou uma nova garagem ao lado do terminal para estacionar os coletivos.
Entretanto, os moradores não ficaram satisfeitos com a mudança, pois a nova garagem está situada “em cima de um banhado”, como informa o morador Vladimir Batista Machado. “Os ônibus ficam atolando e tem poeira para todos os lados. Quando chove fica cheio de barro e inunda as casas no entorno.” Ele ainda conta que a comunidade interditou o local por não possuir condições mínimas de uso. Outra moradora, Cristiane Machado, complementa dizendo que a empresa começou a usar o terminal como garagem “sem nenhum tipo de planejamento”. “O local precisa de drenagem, pavimento e iluminação”, relatou.
O terminal está situado no meio do bairro com comércio, posto de saúde, casas e uma creche para crianças excepcionais ao lado. Os moradores relatam que, com o local interditado, os coletivos começaram a ser estacionados na rua, em frente às casas, impedindo que os carros consigam entrar nas residências. Além disso, os ônibus são ligados a partir das 4 horas da manhã, atrapalhando os residentes. Cristiane Machado afirma que a comunidade está mobilizada e cobrou prazos às autoridades para resolver a situação. “Mais do que uma questão de infraestrutura, é uma questão humana que tem que ser tratada com bastante seriedade.”
EPTC
Para o gerente de Planejamento de Trânsito da Empresa Pública de Transportes e Circulação (EPTC), Flavio Antônio Tumelero Junior, “a situação lá está bem complicada” em função dos problemas com o solo e assegurou que os ônibus estão proibidos de entrar no terminal até que ele esteja adequado para o uso. O gerente explicou que, no edital da licitação do transporte coletivo, não havia a indicação de onde as garagens deveriam ficar, constava apenas que precisariam estar dentro da bacia ao qual pertenciam as linhas. Nesse caso, a garagem da Trevo está dentro da área prevista abrangendo a Região Sul da cidade. Ele também explanou que está em tratativas com a Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov) e o Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) para criar um projeto para regularizar a infraestrutura do terminal.
Já o coordenador administrativo do Consórcio Viva Sul, Manoel Antonio Rey, disse que a empresa se preocupou com a transferência dos ônibus e optou por colocá-los ao lado do terminal para facilitar o trabalho. Ele contou que “necessidades financeiras” fizeram o Consórcio vender a antiga garagem, localizada no bairro, e atribuiu os transtornos causados à população à dificuldade de trabalhar com o solo, que é argiloso.
O representante do Procon de Porto Alegre e da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio (Smic), Cauê Vieira, ressaltou que a população precisa denunciar o que está acontecendo ao Procon para que ele possa agir. De acordo com Vieira, desde que seja cumprida a tabela horária e não haja danos para a população, como poeira, barro e barulho, é de responsabilidade do Consórcio decidir em que lugar ficará a sua garagem, e o poder público não pode interferir nessa decisão. No entanto, a partir do momento em que forem comprovadas irregularidades, o governo municipal pode se manifestar e exigir o cumprimento do que está exposto no edital. “A responsabilidade do cidadão é denunciar, pois só assim poderemos fazer alguma coisa." Dr. Thiago Duarte (DEM) pediu aos moradores que enviem as fotos e vídeos que eles afirmaram possuir para a Comissão e para o Procon para notificar as denúncias.
Estiveram presentes na reunião os vereadores José Freitas (PRB) e João Bosco Vaz (PDT), moradores da Restinga, representantes do Conselho Tutelar do Extremo Sul, do Movimento de Defesa do Consumidor e da Secretaria Municipal de Direitos Humanos (SMDH).
Encaminhamentos
O presidente da Comissão, vereador Dr. Thiago Duarte (DEM), cobrou dos representantes da EPTC e do Consórcio um prazo para resolver a situação do terminal. Assim, ficou acordado que em dez dias a EPTC apresentará um projeto do que será feito no local e quanto tempo demorará, e a Viva Sul terá este mesmo prazo para encontrar um local para guardar os coletivos. “O ônibus não pode ficar parado às 4 horas da manhã na frente da casa das pessoas”, finalizou.
Texto: Cleunice Maria Schlee (estagiária de Jornalismo)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)