Cuthab

Famílias buscam acordo para não desocupar área da União

Comunidade Campos Verdes tenta impedir reintegração de posse Foto: Guilherme Almeida/CMPA
Comunidade Campos Verdes tenta impedir reintegração de posse Foto: Guilherme Almeida/CMPA (Foto: Guilherme Almeida/CMPA)

Os vereadores da Comissão de Urbanização, Transporte eHabitação (Cuthab) da Câmara Municipal decidiram, na manhã desta terça-feira (15/3), emreunião realizada no Plenário Ana Terra, dar sequência à tentativa de acordocom a América Latina Logística (ALL), empresa concessionária da União, queresponde pela área no bairro Humaitá ocupada por mais de 80 famílias queintegram o Loteamento Campos Verdes. Conforme informação trazida pelo vereadorAirto Ferronato (PSB), o espaço estaria sendo terceirizado, o que demonstrariaum descumprimento da função para a qual foi concedido pelo governo federal,fato que poderia mudar a decisão judicial de reintegração de posse vencida nodia 10 de março passado.

Conforme o representante da Defensoria Pública da União (DPU),Giorgio Endrigo Carneiro da Rosa, o prazo judicial foi estendido a pedido daDPU em 60 dias, a contar do dia 25 de fevereiro, restando à comunidade cerca de30 dias para deixar o local. Para ele, no entanto, haveria a saída de um acordocom a prefeitura para o pagamento de aluguel social às famílias, o que segundo MariaHorácia Ribeiro, superintendente de Ação Social e Cooperativismo doDepartamento Municipal de Habitação (Demhab), não é possível. Ela alega que esseexpediente só pode ser utilizado para as famílias que comprovaremdocumentalmente estarem em situação de vulnerabilidade social.

Horácia ainda esclareceu que o Demhab efetuou ocadastramento das famílias para inclusão em projeto habitacional, mas que ofórum para a garantia da demanda é o Orçamento Participativo. E que, no caso daRegião do Humaitá, Farrapos e Navegantes ainda existem muitas famílias a esperade atendimento.

Os representantes da comunidade, Ronaldo Jesus Ezequiel eFábio Eduardo Castro Moreira, afirmaram que a área, atualmente ocupada pelacomunidade, não está sendo utilizada e que a Justiça concedeu a reintegração deposse com base em afirmações que não são verdadeiras, como um desenho do localno qual aparecem trilhos e trens. “Não tem um trilho sequer e nenhum vagão.Isso está provado em fotografias feitas pela Defensoria Pública da União. Alémdisso, tem áreas ali ocupadas por uma fábrica de móveis”.

A área em questão é a segunda ocupada pelas famílias, antesalojadas em local destinado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura deTransportes (Dnit) para a obra da nova ponte do Guaíba. Uma saída apresentada éa inclusão das famílias em projeto da cooperativa dos Correios, dentro doprograma Minha Casa, Minha Vida, em parceria do governo Federal e a prefeiturada capital. Porém o prazo para execução é incerto.

Na reunião presidida pelo vereador Elizandro Sabino (PTB)ainda foi sugerido pelo vereador Engenheiro Comassetto (PT) que o prefeito JoséFortunati estabeleça contato com o ministro Ricardo Berzoini, da Secretaria deGoverno da União, para tratar do tema. O vereador Delegado Cleiton (PDT) propôsque seja feita uma visita da Cuthab e representantes das famílias à direção daALL, enquanto a vereadora Fernanda Melchionna (PSOL) sugeriu que se busque uma garantia depermanência das famílias no local – sem uso social – até que uma soluçãodefinitiva seja encontrada, evitando que as famílias sejam despejadas. Aindaparticiparam da reunião o vereador Paulinho Motorista (PSB), representantes daUampa e outras lideranças da comunidade. 


Texto: Milton Gerson (reg. prof. 6539)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)