Moradores do Cristal não querem mudanças no traçado do bairro
A comunidade do Bairro Cristal, localizado na zona sul de Porto Alegre, contesta o novo traçado que delimita a sua área territorial. Reunidos na noite desta terça-feira (1/6) na Sociedade Amigos do Cristal, os moradores explicaram aos integrantes da Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação (Cuthab) da Câmara Municipal os motivos pelos quais não querem aceitar o novo plano apresentado pelo Executivo.
Segundo eles, pelo traçado apresentado pela prefeitura o bairro perde importantes equipamentos públicos conquistados via Orçamento Participativo (OP), citando a escola e o Posto de Saúde da Família (PSF) como exemplos. Pelo novo traçado, eles deixariam de pertencer ao Bairro Cristal. Lauro Roessler, delegado do OP e líder comunitário há mais de 20 anos, lembra que tudo é muito negociado e que as decisões não ocorrem sem a participação popular, justificando, desta forma, a falta de transparência em alguns pontos do novo plano.
Pontal do Estaleiro
Sérgio Amaral, também do OP, questiona a retirada da área do antigo Estaleiro Só no novo traçado. Segundo ele, o Estaleiro e o Barro Cristal sempre foram historicamente ligados, "agora ele acaba desaparecendo do nosso mapa para integrar outra região", disse ele. Amaral observa que a Avenida Padre Cacique foi separada ao meio: de um lado, onde fica a Fundação Iberê Camargo, pertence ao Cristal; do lado onde está a orla do Guaíba, deixa de fazer parte do mapa do bairro.
Para a líder comunitária Jurema Barbosa Silveira, a retirada do espaço da orla do mapa tem a ver com o posicionamento da comunidade em relação ao empreendimento Pontal do Estaleiro. "Nós somos contra a construção de prédios naquele local", afirmou, alegando que aquela área é reivindicada para que se torne um espaço de convivência da comunidade. "Deixando a gente de fora das decisões fica mais fácil destiná-la à construção de prédios", lamenta Jurema.
Fora do mapa
Para o presidente da Cuthab, vereador Engenheiro Comassetto (PT), o novo traçado do Bairro deixa de incluir uma área que tem suas demandas no OP Cristal. A Comunidade Ecológica, como é conhecida, localizada no Morro Santa Tereza, ficou dissociada, disse ele. Também observa que o chamado triângulo da Tamandaré, na Avenida Coronel Massot, também sofre um corte e deixa de pertencer ao bairro. Anadir Alba, conselheira da região 6 do Plano Diretor de Porto Alegre, afirmou que, durante as discussões, sempre se priorizou a adoção de limites físicos e não imaginários, respeitando as relações das pessoas com o seu bairro.
Já o vereador Delegado Cleiton (PDT) entende que esta é uma característica das cidades. "As pessoas se conhecem, tem seu endereço, o seu ônibus, se conhecem, convivem no dia-a-dia", afirmou, alertando para o transtorno que as alterações poderiam causar ao cotidiano das pessoas.
Novas reuniões para discutir o novo mapa de Porto Alegre serão realizadas antes que o projeto seja votado pela Câmara, afirmou o vereador Comassetto. adiantando que, na próxima semana, serão ouvidas comunidades da zona norte e do extremo-sul da Capital.
Texto: Flávio Damiani (reg. prof. 6180)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)