CPI da Procempa

Pagamentos a fornecedores da Procempa não seguiam padrões, diz funcionário

João Carlos Feijó Foto: Desirée Ferreira
João Carlos Feijó Foto: Desirée Ferreira
O ex-funcionário da área de Contas a Pagar da Procempa João Carlos Ferrer Feijó disse ter suspeitado de irregularidades na companhia, nos últimos quatro anos, em razão do grande número de faturas que chegavam ao seu setor, sem nenhuma relação com a atividade-fim da empresa. Funcionário da Procempa há 27 anos, Feijó, que prestou depoimento à CPI da Procempa nesta quarta-feira (20/11) pela manhã, na Câmara Municipal de Porto Alegre, atualmente está lotado na área do Portoweb da empresa. Segundo ele, a maioria das faturas era relativa a eventos promovidos pela Procempa e que demandavam valores financeiros altos. "Eram muitas festas e obras neste período.", disse o funcionário, citando como exemplo as obras no Centro Integrado de Comando e as de ampliação do segundo andar da sede da empresa. Feijó disse não ter alertado nenhum chefe superior sobre as suspeitas de irregularidades, pois apenas cumpria ordens que lhe eram dadas.

De acordo com Feijó, o setor de Contas a Pagar fazia o lançamento e a previsão financeira das demandas, encaminhando depois o processo para a área demandante, a fim de que fosse feita a confirmação. Ele explica que estava subordinado diretamente ao supervisor Cláudio Melo, estando hierarquicamente acima deles o gerente financeiro Ayrton Gomes Fernandes.

Feijó informou ainda que o pagamento de três empresas fornecedoras da Procempa, em 7 de fevereiro deste ano, não teve tramitação normal, pois não havia processo aberto. "A tramitação foi fora dos padrões. O Ayrton (Fernandes) é que trazia as faturas e exigia o pagamento imediato." Ele também relata que, neste período, a diretora administrativa Giórgia Ferreira estaria em férias, mas teria deixado uma folha em branco assinada. Ainda segundo Feijó, os pagamentos realizados sem processos padrões começaram a ocorrer há cerca de quatro anos atrás, sendo assinados apenas por Giórgia. Ele garantiu desconhecer ter havido pagamentos duplicados da Procempa à Pilatel, mas disse ter notado que os pagamentos a essa empresa eram efetuados de forma muito mais rápida que a normal. "Os fornecedores tratavam diretamente com o gerente financeiro na última gestão."

O funcionário também disse desconhecer a máquina de contar cédulas comprada pela Procempa e as pessoas que eram contratadas pela companhia por Recibo de Pagamento ao Contribuinte Individual (RPCI). Ele confirmou que a empresa teria feito pagamentos além dos contratados pelos planos odontológicos conveniados nos últimos quatro anos.

Texto e edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)