Perigos do crack foram debatidos na Cece
A Comissão de Educação, Cultura, Esportes e Juventude (Cece) promoveu na manhã desta terça-feira (16/10), no Plenário Otávio Rocha da Câmara Municipal, audiência pública sobre a dependência química provocada pelo uso do crack. Na ocasião, foi exibido o documentário A Maldição da Pedra, produzido, em 2003, pelo ex-morador de rua e integrante da entidade Nação Hip Hop Brasil, o Happer Dogg.
Durante as avaliações feitas, a psicóloga e terapeuta ocupacional Rita Buttes disse observar um certo despreparo de alguns profissionais de saúde no atendimento ambulatorial aos usuários do crack. Defendeu um serviço diferenciado, com uma rede permanente de apoio, alicerçada na educação e na saúde, com a participação da sociedade e dos governos. É uma droga avassaladora, de alta concentração e que devasta o ser humano, ressaltou.
Dogg disse se entristecer pela falta de apoio de órgãos oficiais em campanhas contra o uso do crack que, como lembrou, vem dizimando vidas. Já perdi muitos amigos, não só pelo consumo, mas em acertos de contas. Destacou que o crack é atualmente a droga mais lucrativa dos traficantes.
O médico Nei Gyrão disse trabalhar há vários anos em centros de tráficos e observou que quando começou, em 1988, a droga mais utilizada era a maconha. A cocaína deixa a pessoa se sentindo mais acesa e alegre e o crack é extremamente danoso." Acredita que a falta de perspectivas, de um desejo de um mundo melhor vem colaborando para a auto-destruição de toda uma geração.
A presidenta da Cece, Maristela Maffei (PCdoB) considerou positivo o encontro: Serviu para refletirmos e buscarmos saídas para evitar que mais crianças e adolescentes sejam vítimas da droga. Lembrou que o crack surgiu em 1980, feito a partir da cocaína, mas cinco vezes mais potente. Cada pedra dá uma falsa sensação de bem-estar que dura cerca de dez minutos, depois vem a depressão e a dependência crescente, enfatizou.
A vice-presidente da Cece, Sofia Cavedon (PT), questionou algumas músicas que induzem o uso de drogas incitam a violência. Disse que o problema exige um envolvimento maior, pois a droga não está apenas nas vilas mas também na classe média. "Existem muitos pais omissos. Há a necessidade de um debate com toda sociedade organizada, afirmou.
Também participaram do encontro, o vereador Alceu Brasinha (PTB), representantes dos gabinetes das vereadoras Neuza Canabarro (PDT), Clênia Marnhão (PPS) e do vereador Haroldo de Souza (PMDB), além de diversas autoridades estaduais e municipais e alunos da Escola Estadual Fagundes de Melo e do Projeto Povo de Rua.
Vítor Bley de Moraes (reg. prof. 5495)