Semana da Mulher

Precursora do feminismo no Brasil é tema de exposição

Em 1833, a professora Nísia Floresta fugiu para Porto Alegre Foto: Acervo FBB
Em 1833, a professora Nísia Floresta fugiu para Porto Alegre Foto: Acervo FBB

Em homenagem à passagem do Dia Internacional da Mulher, a Câmara Municipal de Porto Alegre exibe, até 31 de março, a exposição itinerante Nísia Floresta – Uma Mulher à Frente de seu Tempo. Doada ao Legislativo da Capital pelo Projeto Memória da Fundação Banco do Brasil (FBB), a mostra reúne 16 painéis de fotos e textos que contam a história da escritora e educadora potiguar, que, pela defesa de uma educação igualitária para homens e mulheres no século XIX, é considerada precursora dos ideais feministas no Brasil.

Nísia Floresta nasceu em 1810, em Papari (RN) - município rebatizado com seu nome - , e viveu também em Pernambuco, no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro e na Europa. Casou-se pela primeira vez aos 13 anos, mas logo voltou a morar com os pais. Aos 18, passou a viver com Manuel Augusto de Faria Rocha, com quem, em 1833, fugiu para Porto Alegre para se livrar da perseguição do primeiro marido. Manuel, pai de seus filhos, morreu oito meses depois da chegada à capital gaúcha, mas Nísia ficou na cidade até 1837, trabalhando como professora. Nesse período, conheceu líderes farroupilhas como Anita e Giuseppe Garibaldi, com os quais continuou a se relacionar anos mais tarde na Europa.

Escola revolucionária

Em fevereiro 1838, no Rio de Janeiro, Nísia fundou o Colégio Augusto, considerado revolucionário por ensinar para meninas português, latim, geografia, história e línguas estrangeiras, além dos habituais trabalhos manuais. Sua proposta de escola começou a incomodar, e instituições voltadas à educação, apoiadas pela imprensa, deflagraram guerra contra a professora. “Os maridos precisam de mulher que trabalhe mais e fale menos”, estampava uma das colunas de O Mercantil em 1846. Mas Nísia continuou a desafiar o conservadorismo com sua luta pela valorização das mulheres, em defesa de negros e índios e contra todas as formas de dominação. Para ela, Deus havia criado as mulheres “para um melhor fim do que para trabalhar em vão toda sua vida”.

Em 1849, a professora mudou-se pela primeira vez para a Europa, onde escreveu em francês e italiano e publicou traduções das obras lançadas no Brasil. Tornou-se amiga de intelectuais como Alexandre Herculano, Alexandre Dumas (pai), Vitor Hugo, George Sand e Auguste Comte. Voltou ao Rio em 1852 e 1872, para passar longos períodos. Morreu de pneumonia em 1885, aos 75 anos, na França, deixando 15 livros e diversos artigos publicados. Suas obras abordam a situação da mulher no século XIX e temáticas abolicionistas, indianistas e nacionalistas. A primeira delas -Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens (1832) - é a que melhor reflete seu pensamento, atesta a exposição.

Visitação

A mostra está montada no saguão do Plenário Otávio Rocha, no 2º piso da Câmara (Avenida Loureiro da Silva, 255), e pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 8 às 18 horas, com entrada franca e visitas orientadas para escolas. Informações na Seção de Memorial: (51) 3220-4318.

Texto: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)
Edição: 
Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)

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