Memória

História de Nísia Floresta é contada em exposição

Nísia Floresta Foto: Acervo FBB
Nísia Floresta Foto: Acervo FBB

O Memorial da Câmara Municipal de Porto Alegre apresenta, até 30 de março, a exposição itinerante Nísia Floresta – Uma Mulher à Frente de seu Tempo, doada ao Legislativo da Capital pelo Projeto Memória da Fundação Banco do Brasil (FBB). São 16 painéis de fotos e textos que contam a história da escritora e educadora, que, pela defesa de uma educação igualitária para homens e mulheres, é considerada precursora dos ideais feministas no Brasil.

Nísia nasceu em 1810, em Papari (RN), e viveu também em Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Europa. Casou-se pela primeira vez aos 13 anos, mas logo voltou a morar com os pais. Aos 18, passou a viver com Manuel Augusto de Faria Rocha, com quem, em 1833, fugiu para Porto Alegre para se livrar da perseguição do primeiro marido. Manuel, pai de seus filhos, morreu oito meses depois da chegada à capital gaúcha, mas Nísia ficou na cidade até 1837, trabalhando como professora. Nesse período, conheceu líderes farroupilhas como Anita e Giuseppe Garibaldi, com quem continuou a se relacionar anos mais tarde na Europa.

Escola revolucionária

Em fevereiro 1838, já no Rio, Nísia fundou o Colégio Augusto, para meninas, revolucionário por ensinar português, latim, geografia, história e línguas estrangeiras, além dos trabalhos manuais. Mas a proposta começou a incomodar, e instituições voltadas à educação, apoiadas pela imprensa, deflagraram guerra contra a professora. “Os maridos precisam de mulher que trabalhe mais e fale menos”, estampava uma das colunas de O Mercantil em 1846. Nísia, porém, continuou a desafiar o conservadorismo com sua luta pela valorização das mulheres, em defesa de negros e índios e contra todas as formas de dominação. Para ela, certamente, Deus havia criado as mulheres “para um melhor fim, que para trabalhar em vão toda sua vida”.

Em 1849, Nísia mudou-se pela primeira vez para a Europa, onde escreveu em francês e italiano e publicou traduções das obras lançadas no Brasil. Tornou-se amiga de intelectuais como Alexandre Herculano, Alexandre Dumas (pai), Vitor Hugo, George Sand e Auguste Comte. Voltou ao Rio em 1852 e 1872, para passar longos períodos. Morreu de pneumonia em 1885, aos 75 anos, na França, deixando 15 livros e diversos artigos publicados. Suas obras abordam a situação da mulher no século XIX e temáticas abolicionistas, indianistas e nacionalistas. A primeira delas - Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens (1832) - é a que melhor reflete seu pensamento, segundo a exposição.

A mostra está montada no saguão térreo da Câmara (Avenida Loureiro da Silva, 255) e pode ser visitada das 9 às 18 horas, de segundas a quintas-feiras, e das 9 às 16 horas, às sextas-feiras, com entrada franca e visitas orientadas para escolas e grupos (mediante agendamento). O Memorial distribuirá às escolas a biografia de Nísia Floresta editada pela Fundação Banco do Brasil. Informações: (51) 3220-4187 e 3220-4318.

Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)