Comissões

Problemas do Postão da Cruzeiro voltam a ser debatidos na Cosmam

Há carências na Saúde Mental, falta de pessoal, equipamentos e materiais de trabalho, entre outras

  • Demandas do Pronto Atendimento do PACS da Cruzeiro do Sul.
    Os vereadores debateram com os representantes dos servidores municipais e do Executivo (Foto: Tonico Alvares/CMPA)
  • Demandas do Pronto Atendimento do PACS da Cruzeiro do Sul.
    Cassio Trogildo, José Freitas, André Carús e Aldacir Oliboni (d) (Foto: Tonico Alvares/CMPA)

A Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam), da Câmara Municipal de Porto Alegre, tratou, na manhã desta terça-feira (8/5), de problemas no Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (PAC – Postão da Cruzeiro). Deficiências no serviço de Saúde Mental, falta de recursos humanos, equipamentos e materiais de trabalho, além de problemas estruturais foram elencados durante a reunião. 

O diretor-geral do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), Alberto Terres, apresentou um relatório com imagens de fiscalização realizada em 13 de janeiro, no Pronto Atendimento em Saúde Mental do Postão. Entre os problemas identificados, estão superlotação, com pacientes deitados no chão em cima de cobertores e colchonetes, mau estado de conservação do piso, das janelas e do mobiliário, além de falta de materiais de trabalho. Ao mostrar notícias divulgadas na imprensa ao longo dos últimos anos, Terres destacou que os problemas do Postão se arrastam sem solução há 10 anos, “com clara violação dos direitos humanos e dos trabalhadores.” 

Waldir José Bohn Gass, do Núcleo de Coordenação do Conselho Distrital Glória, Cruzeiro e Cristal, lembrou que, desde 2007, a comunidade defende a reforma do Postão. “A reforma é uma urgência inadiável para grande parte daquela região e para toda a cidade, pois o Postão atende demanda de diversos lugares”, afirmou.

Atendimento

O vereador Aldacir Oliboni (PT) ressaltou que, além dos problemas estruturais, faltam servidores para atender a grande demanda e há muita demora no atendimento dos casos mais simples (fichas verdes), com espera de oito horas. Ao lembrar que, há cerca de um ano, membros da Cosmam visitaram o Postão, o vereador André Carús (PMDB) afirmou que os problemas se agravaram de lá para cá. “A demanda de pronto atendimentos da Zona Sul e do Extremo Sul majoritariamente cai no Postão, que está sempre cheio. A Prefeitura precisa fazer uma leitura disso e agir, até porque, quando ocorrerem as reformas necessárias, haverá redução dos atendimentos, que já não são suficientes”, alertou. 

O vereador Dr. Thiago (DEM) manifestou preocupação com relação a pacientes complexos, que necessitam de ventilação mecânica, e permanecem por mais de 24 horas no PAC. “O Postão não é lugar para manter este tipo de paciente, que deveria estar num hospital. Isso não é problema do PAC, mas de fluxo da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o que causa estresse para os trabalhadores e para o paciente, que está sendo tratado no lugar errado.” 

Perspectivas

Giovanni Abrahão Salum Júnior, da Coordenação de Saúde Mental da SMS, afirmou que a estratégia da atual gestão contempla ações de curto e médio prazos. Como ação de curto prazo, citou a priorização da reforma da área física e estrutural do setor de Saúde Mental do Postão. Disse ainda que o Planejamento Municipal de Saúde Mental prevê a instalação, em médio prazo, de mais sete Centros de Atenção Psicossocial (CAPs). “Hoje há 12 CAPs na cidade, cujo último foi construído em 2012. A ideia é pulverizar as portas de entrada para a saúde mental, e os CAPs irão regular de forma mais eficiente a entrada nos Pronto Atendimentos.” Destacou ainda que serão abertos, até o fim deste ano, 30 leitos de Saúde Mental no Hospital Santa Ana, para atendimento de adolescentes. 

Com relação à reforma do saguão de recepção dos pacientes do PAC, Diego Fraga Pereira, da Coordenadoria de Urgências da SMS, disse que não há no momento recursos disponíveis. “Temos conhecimento das carências e do pouco espaço para receber os pacientes. Está planejada a reforma do saguão do Postão, mas não há recursos para executar agora.” Com relação à falta de recursos humanos, destacou que, recentemente, o Postão recebeu três técnicos de enfermagem e um enfermeiro, “o que não cobre todo o déficit”, mas já representa um avanço. “Estamos tentando melhorar o quadro de RH”, garantiu, lembrando que deve haver uma melhora com a contratação temporária de profissionais de saúde para a Operação Inverno. 

O pediatra Eduardo Osório, que atende no Postão há 30 anos e atualmente atua na direção do equipamento de saúde, confirmou que há demora no atendimento de casos mais simples, mas argumentou que o esforço da equipe disponível é no sentido de atender os pacientes mais complexos (ficha vermelha), cuja demanda aumentou nos últimos tempos. “Nosso objetivo é tirar os vermelhos o mais rápido possível do pronto atendimento e encaminhá-los para hospitais que têm atendimento de melhor qualidade.” Disse ainda que a reforma geral do PAC é importante, mas defendeu que o saguão seja priorizado. “É uma questão de dignidade para os pacientes que aguardam atendimento”, argumentou. 

Encaminhamentos

Além de uma nova visita da Cosmam ao Postão, o presidente da Comissão, vereador Cassio Trogildo (PTB), pediu informações sobre o projeto global de reforma do Postão. “Precisamos saber se o Plano Diretor para a reforma do Postão foi concluído, o que estaria faltando e os recursos para depois executar a reforma prevista. Temos ciência da complexidade que representa este Plano Diretor Interno porque é preciso adequar as estruturas existentes às necessidades e legislação atuais”, disse.      

Também participaram da reunião os vereadores Clàudio Janta (SD), José Freitas (PRB), Marcelo Sgarbossa (PT), Mauro Pinheiro (REDE) e Paulo Brum (PTB).

Texto: Cibele Carneiro (reg. prof. 11.977)
Edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)