Qualificar a educação é o desafio da Smed, diz secretário
Segundo Adriano de Brito, 80% dos alunos terminam o 5º e o 9º anos sem possuir conhecimentos básicos.
A Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (Cece) da Câmara Municipal de Porto Alegre debateu a situação da rede municipal de ensino com o secretário de Educação, Adriano Naves de Brito, na tarde desta terça-feira (14/3). Esta é a segunda visita de Brito à Casa, em menos de duas semanas, para explicar e defender as mudanças na educação do Município apresentadas em fevereiro por meio de decreto do Executivo.
Conforme o secretário, a rede municipal de ensino consegue atender ao número de alunos, mas não está oferecendo uma educação qualificada porque cerca de “80% dos jovens terminam o 5º e o 9º anos sem possuir conhecimentos básicos”. Por isso, a Smed, focando no aprendizado, quer qualificar o tempo em que o aluno passa na escola e o tempo dele com o professor, modificando dois aspectos nos calendários escolares: o início das aulas passa a ser às 8 horas com cinco períodos de 45 minutos, totalizando quatro horas de aula por dia, em vez de começar às 7h30min, ter tempos de 50 minutos e 4 horas e 30 minutos diários de atividades; e as reuniões pedagógicas que os professores realizavam nas quintas-feiras, nos últimos dois períodos de cada turno, liberando os alunos, serão extintas. “Não é aceitável dispensá-los para fazer a reunião, por mais que ela seja muito importante. Os professores precisam se organizar para fazê-la sem prejudicar os alunos. Queremos criar uma rotina nas escolas. Os horários estavam muito quebrados”, ressaltou o secretário.
O vereador Prof. Alex Fraga (PSOL) falou que a Smed não está dando o suporte necessário para que as mudanças sejam postas em prática. “É uma irresponsabilidade exigi-las sem oferecer estratégias e alternativas aos colégios. Essa imposição é lamentável e só tende a prejudicar o nosso sistema de ensino que já é frágil.” Na mesma linha, Sofia Cavedon (PT) apresentou algumas metas do Plano Municipal de Educação e discordou da forma como a Smed está colocando as modificações. “A educação não tem saída se não for através do diálogo participativo”, disse.
O vereador Matheus Ayres (PP) também lembrou a importância do diálogo e pediu ao secretário que contasse como estão sendo as conversas com as escolas. Alvoni Medina (PRB) debateu sobre o tema da Educação Infantil, que é uma de suas maiores preocupações. Ele visitou algumas instituições nos bairros Sarandi, Vila Jardim e Boa Vista e comentou que algumas creches podem ser fechadas por não terem condição de dar assistência às crianças pela falta de funcionários.
Brito respondeu aos vereadores, explicando que são as instituições que precisam procurar a Smed para conversar sobre o decreto e como poderão implementá-lo. “É responsabilidade da secretaria e das escolas construírem juntas as diretrizes escolares. Nenhuma escola que conversou conosco ficou sem os recursos necessários para atender as suas demandas”, garantiu. Dos mais de 90 colégios da rede municipal, até o momento, aproximadamente 12 se reuniram com a pasta, contou. Sobre a Educação Infantil, o secretário disse que Porto Alegre possui uma carência de vagas para crianças de zero a três anos, mas a Prefeitura está trabalhando para oferecer mais vagas. Já para as crianças de quatro a cinco anos e 11 meses a meta é alcançar 100% de oferta ainda neste ano.
Encaminhamentos
O presidente da Cece, vereador Tarciso Flecha Negra (PSD), lembrou que a comissão visitou 10 escolas nos últimos dias e que irá entregar as demandas apresentadas pelos diretores e professores à secretaria. Os pedidos se referem a melhorias na segurança, mobiliário, quadro funcional e construção de quadras esportivas cobertas, entre outros. Os vereadores Reginaldo Pujol (DEM) e Clàudio Janta (SD) também participaram da reunião.
Texto: Cleunice Maria Schlee (estagiária de Jornalismo)
Edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)