Seminário Nacional

Rede Feminista em Educação é lançada em seminário na Câmara

Adriana Sacramento criticou padronização e estereótipos na literatura infantil Foto: Guilherme Almeida/CMPA
Adriana Sacramento criticou padronização e estereótipos na literatura infantil Foto: Guilherme Almeida/CMPA (Foto: Guilherme Almeida/CMPA)
Dentro do I Seminário Nacional Qual o Currículo para Uma Educação Não Sexista?, foi realizado, na tarde desta sexta-feira (1/4), um painel com o tema De que forma as políticas públicas educam para os direitos humanos? A atividade, realizada no plenário Otávio Rocha, da Câmara Municipal de Porto Alegre, também marcou o lançamento da Rede Feminista em Educação e contou com a mediação da vereadora Jussara Cony (PCdoB) e a participação das vereadoras Fernanda Melchionna (PSOL) e Sofia Cavedon (PT).

A primeira convidada a falar foi Adriana Sacramento, representante do Ministério da Cultura. Doutora em Literatura, baseou seu discurso em obras literárias citando escritoras consagradas, como Adélia Prado, Clarice Lispector e Cora Coralina. A especialista fez críticas à forma padronizada e estereotipada como a literatura infantil geralmente é apresentada às crianças: “Ela é extremamente homogeneizante." Também falou sobre a literatura contemporânea, que, segundo ela, está cada vez mais dando voz às mulheres e aos sentimentos delas: “Hoje em dia, esse grito tem voz; dói mesmo", disse a professora.

Por fim, Adriana ressaltou a importância da inclusão do assunto no currículo escolar, justificando que o ambiente também deveria ser de exercício da empatia. "Podemos criar, no ambiente escolar, tanto um ambiente de aprendizagem quanto de afetividade", recomendou.

Conquistas e desafios

Representando o Núcleo Mulher da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Jussara Reis Prá tratou das mulheres no cenário das políticas públicas e dos direitos humanos. “O cenário das últimas décadas acentuou as conquistas e a ampliação da presença delas na esfera pública”, reconheceu a doutora em Ciência Política.

Mesmo com alguns avanços no contexto atual, Jussara lembrou que as tarefas domésticas ainda são predominantemente femininas. Segundo ela, ainda é forte na sociedade a designação social de que a esfera pública de produção pertence ao homem, cabendo à mulher a esfera privada de reprodução e cuidado dos outros.

No âmbito político, ela destacou que a presença de mulheres no Congresso Nacional não chega a 10%. “Temos um déficit muito sério nos espaços de decisão.” Disse, ainda, que a educação reflete a lógica do sistema de gênero, tanto no ensino profissional quanto superior. “Por lógica semelhante operam outros sistemas: raça/etnia; idade; situação econômica. Demarcam que lugares sociais devem ser ocupados e por quem eles serão ocupados.” E encerrou ressaltando que “ser cidadã é diferente de ser cidadão”. “Romper a cultura patriarcal é o caminho para avançar nesta questão.”

Educação

No final do evento, Sofia Cavedon disse que é preciso “continuar alimentando o movimento com muita disposição”. “Continuamos abertos a sugestões e faremos novas atividades, além de apoiar a que vocês propuserem”, afirmou. Jussara Reis Prá lembrou que “os países que mais avançaram na igualdade de gênero foram os que mais trabalharam na educação e onde há mais mulheres na política”. 

Jussara Cony complementou: “A luta das mulheres tem a ver com o esforço em perceber como as diferenças naturais contribuem para que sejamos cada vez mais oprimidas, mas nunca podemos largar as toalhas, e se precisar as molhemos para enfrentar os inimigos”, finalizou a vereadora.


Texto: Ananda Zambi (estagiária de Jornalismo)
          Paulo Egidio (estagiário de Jornalismo) 
  Maurício Macedo (reg. prof. 9532)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)