Comissões

Seminário avalia comércio em Porto Alegre

Enquanto Oltramari defende o shopping center... Foto: Ederson Nunes
Enquanto Oltramari defende o shopping center... Foto: Ederson Nunes
Há sinergia ou competição entre as lojas de rua e os centros comerciais? Esta foi a questão levantada pela Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do Mercosul (Cefor) da Câmara Municipal na segunda edição do seminário Reflexões sobre o Desenvolvimento de Porto Alegre, que ocorreu no auditório da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) nesta terça-feira (7/5). “Com este evento, estamos trazendo para o ambiente acadêmico um debate que geralmente fica restrito à esfera legislativa, pública, como a questão da suposta ou real competição – ou sinergia – que há entre o comércio de rua e aquele realizado em estabelecimentos fechados. Nossa intenção é analisar como esses formatos de comércio podem contribuir para o crescimento da cidade”, diz o vereador Valter Nagelstein, presidente da Cefor.
 
Primeiro palestrante da noite, Eduardo Oltramari, diretor do Shopping Total, destacou o papel dos centros comerciais na realidade urbana. Ele analisou o posicionamento estratégico dos shopping centers, que precisam crescer de forma conjunta com o comércio de rua. “É inegável que num contexto urbano das grandes cidades os centros comerciais são uma realidade. E uma realidade positiva”, afirmou o empresário.
 
Defensor deste tipo de empreendimento, Oltramari listou os benefícios dos shopping centers, como a revitalização de áreas centrais, a segurança e a praticidade para o consumidor. “O shopping center é a sala de estar da classe média”, afirma, ao mesmo tempo em que aponta para a necessidade de qualificar o setor no Brasil com, por exemplo, a ampliação das áreas de vagas de estacionamento e a valorização das atividades para toda a família.

Sobre o impacto social na cidade e no bairro em que está instalado, o empresário disse que as contrapartidas públicas e os investimentos que precisam ser feitos para atrair o público são benéficos, uma vez que “é preciso deixar os arredores atrativos, para além do shopping”.
 
Comércio de rua
 
O segundo enfoque da noite foi para as ruas. Marcos Pozza, franqueador das Lojas Barriga Verde, explicou as estratégias adotadas para a manutenção do comércio de rua. “Cada varejo precisa de um local específico para instalar seu negócio”, analisou o empresário, ao questionar a ideia de que o shopping é a solução para todo e qualquer tipo de varejo. 
 
Pozza contou a história da própria família que, após uma série de erros, acabou montando um negócio de “malhas de Santa Catarina a preço de fábrica”, aproveitando para trazer a Porto Alegre roupas de um novo polo têxtil. Depois de um período de sucesso, outros comerciantes passaram a trazer mercadoria da mesma região, e a loja deixou de ser novidade. Ela precisou, então, se adaptar e, somente assim, manteve-se no mercado. “Hoje, o varejo se tornou uma atividade cada vez mais profissional, tanto que 95% das lojas que abrem acabam fechando em seu primeiro ano”, sentencia.
 
O empresário faz um comparativo sobre a elitização dos shoppings, uma vez que o custo do produto final da lojas aumenta devido aos custos para manter o estabelecimento. Por outro lado, a valorização excessiva dos imóveis faz com que em alguns pontos comerciais de rua estejam mais caros do que os shoppings. “O importante é se adaptar a cada realidade”, explica, dizendo que cada negócio precisa ser compatível com seu público e, neste sentido, nem todos os tipos de comércio conseguem se adequar aos shopping centers.
 
Ao final, Nagelstein retomou a pergunta inicial do seminário (Shopping Centers versus Comércio de Rua – Sinergia versus Competição?) e avaliou que “existe uma sinergia, sim, porque o comércio de rua qualifica o bairro, assim como o shopping recupera áreas muitas vezes desvalorizadas, e, neste sentido, os dois empreendimentos qualificam a cidade”.
 
O debate Reflexões sobre o Desenvolvimento de Porto Alegre foi mediado por Ronaldo Sielichow, presidente do Sindicato dos Lojistas (Sindilojas) da Capital. Também participaram do evento os vereadores Idenir Cecchim (PMDB) e Guilherme Socias Villela (PP).

Texto: Gustavo Ferenci (reg. prof. 14.303)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)