Comissões

Seminário debaterá legado social da Copa de 2014

Comissão Especial promoverá evento para ampliar discussão Foto: Tonico Alvares
Comissão Especial promoverá evento para ampliar discussão Foto: Tonico Alvares
Na manhã desta quinta-feira (4/7), a Comissão Especial de Acompanhamento e Apoio à Copa do Mundo de Futebol de 2014 em Porto Alegre reuniu vereadores, secretários municipais e representantes de entidades da sociedade civil na Câmara Municipal. Em debate, os legados sociais do torneio da Fifa na Capital.

A secretária municipal de Planejamento Estratégico e Orçamento, Izabel Matte, apresentou os principais eixos temáticos que concentram o conjunto de atividades ligadas à prefeitura. Entre outras coisas, o Executivo está investindo em sinalização, no mobiliário urbano, na restauração de calçadas públicas e privadas e na revitalização da Praça XV de Novembro e do largo Glênio Peres. “São projetos que já estavam sendo implementados e que priorizamos.”

Izabel também mencionou a qualificação de 2,7 mil servidores públicos (800 em idiomas, 1,6 mil em recepção ao turista e 300 em diferenças culturais) e a capacitação de taxistas. Outros pontos citados foram a ampliação da infraestrutura do Hospital de Pronto Socorro (HPS), o reforço operacional na Guarda Municipal e na Defesa Civil e a criação de um site oficial da cidade para Copa do Mundo, voltado a dar informações aos turistas. “Queremos fazer de Porto Alegre uma das capitais mais visitadas do País no pós-Copa”, afirmou. para isso, a prefeitura participará de feiras e eventos para promover o município dentro e fora do País.

Empregos

O secretário de Trabalho e Emprego, Pompeo de Mattos, destacou que a perspectiva é de que sejam gerados 70 mil empregos diretos e indiretos, nas mais diferentes áreas, por causa da Copa. “Temos que aproveitar o momento para buscar capacitação”. Sobre os cursos de qualificação, ressaltou as dificuldades em conseguir preencher todas as vagas disponíveis, pois eles não são ministrados nos locais onde moram os interessados, como nas ilhas. “Temos três demandas na vila Tronco que não conseguimos preencher por causa do deslocamento até o Centro. O pessoal quer o curso lá. Estamos tentando achar uma forma para fazer isso”, explicou.

Falou também sobre o projeto de abrir uma central do Sine (Sistema Nacional de Emprego) na Restinga e na zona Norte. “Estamos em fase de acabamento do Sine Móvel, que é um ônibus para chegar às comunidades e interagir com as pessoas. A expectativa é que ele esteja circulando dentro de dois meses, no máximo.”

Casas

A presidente da União das Associações de Moradores de Porto Alegre (Uampa), Bruna Irani, reclamou da falta de sintonia da prefeitura com os movimentos sociais, “que ainda têm dificuldades de perceber o legado que a Copa vai trazer”. Segundo ela, na vila Tronco, as obras vão fechar um ano e não há nenhuma casa em construção. “A gente tem prazo para sair, mas não para receber os benefícios. A pergunta que a gente se faz hoje é para quem será a Copa do Mundo?”

Pelo Comitê Popular da Copa 2014, Waldir Bohn Gass comentou que “a Copa vem como um acelerador do processo de especulação imobiliária, especialmente na região da vila Tronco”. Na visão dele, é necessário que a prefeitura trabalhe com uma concepção diferenciada de modelo da cidade. “Avenidas largas para um modelo de desenvolvimento que privilegia o uso do automóvel particular acaba expulsando uma série de vilas que ficam nessas regiões. Áreas, que inclusive eram públicas, acabaram sendo transferidas para a iniciativa privada para contemplar esses projetos de especulação imobiliária”, disse.

“O bônus-moradia, por exemplo, é um passaporte para as pessoas saírem daquela região. Muitas pessoas estão sendo empurradas por esse processo de especulação e a nossa briga é para que o poder público seja nosso parceiro nessa luta”. E concluiu dizendo: “O prefeito ter tirado a obra da vila Tronco da matriz da Copa é uma conquista da comunidade. Temos a convicção de que ela não trará benefícios de mobilidade urbana para quem vai assistir aos jogos no estádio. Vai criar um problema maior no Cristal e é um gasto brutal que a prefeitura terá que pagar com recursos nossos.”

Seminário

Representando os estudantes secundaristas, a vice-presidente Sul da Ubes, Fabíola Loguerchio, cobrou a manutenção das conquistas estudantis. “Não aceitaremos a retirada de nenhum direito conquistado, como a meia-entrada que a prefeitura quer acabar com um projeto na Câmara para os jogos da Copa”, salientou.

Como encaminhamento, o presidente da comissão, vereador João Derly (PCdoB), propôs a realização de um seminário para ampliar o debate sobre o tema. A ideia é de que o evento seja realizado em setembro ou outubro. Também participaram da reunião os vereadores Alceu Brasinha (PTB), Cássio Trogildo (PTB), Mário Fraga (PDT) e Reginaldo Pujol (DEM).

Texto: Maurício Macedo (reg. prof. 9532)
Edição: Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)