Consciência Negra

Sobrinho-neto de João Cândido lembra luta do Almirante Negro

Orquestra de jovens pontuou abertura Foto: Lívia Stumpf
Orquestra de jovens pontuou abertura Foto: Lívia Stumpf

Uma palestra com o sobrinho-neto do gaúcho João Cândido, o líder da Revolta da Chibata (1910), marcou a solenidade de abertura da 26ª Semana da Consciência Negra e Ação Antirracismo (Secon) da Câmara Municipal de Porto Alegre, realizada nesta sexta-feira (12/11), no Plenário Otávio Rocha. Presidida pelo vereador Tarciso Flecha Negra (PDT), a cerimônia foi pontuada por apresentações da Orquestra Infanto-Juvenil do Instituto Popular de Arte-Educação (Ipdae). A 26ª Secon tem como tema João Cândido - 100 Anos de Lutas.

O palestrante convidado, o engenheiro João Cândido de Oliveira Neto, lembrou a trajetória do tio-avô destacando que, graças a João Cândido (1880-1969) e aos demais líderes da revolta ocorrida em 20 de novembro de 1910 no Rio de Janeiro, foram extintos os castigos físicos nos navios de guerra brasileiros. Contou que, há 100 anos, o Brasil era a terceira potência naval do mundo, mas continuava a usar a chibata e a prisão a ferros para punir atos de indisciplina. O estopim da rebelião foram as 250 chibatadas aplicadas a um marujo. A partir disso, os marinheiros ergueram armas e desviaram o Encouraçado Minas Gerais do porto da Cidade do Rio.
 
João Cândido foi preso após a revolta e desligado da Marinha, morrendo pobre em uma casa sem luz e água no subúrbio de São João do Meriti, no Rio, contou Oliveira Neto. O chamado Almirante Negro teve, segundo ele, pelo menos oito filhos reconhecidos com três esposas, estando vivo ainda Adalberto Cândido, o Candinho, que continua a lutar pelos direitos humanos. "João Cândido é lembrado como um homem de atitudes simples, leitor assíduo, capacitado, tranquilo, bom marido e excelente pai", disse o palestrante. De acordo com o engenheiro, apesar de todo o sofrimento, João Cândido morreu sonhando com a Marinha. "O mar é meu amigo; toda a luz que me ilumina, que é pouca, eu agradeço à Marinha", finalizou Oliveira Neto, citando palavras de João Cândido.

Música

A Orquestra do Ipdae, da Lomba do Pinheiro, tocou o Hino Nacional, a Sinfonia nº 15 de Mozart; Suíte de Frank Purcell; O Trenzinho do Capirira, de Heitor Villa-Lobos; a Sinfonia nº 27, de Joseph Haidyn; e o Hino Rio-Grandense. O cantor Porto Alex interpretou a música Heróis da Liberdade, em que narra as lutas por liberdade na história do Brasil.

Além do vereador Tarciso Flecha Negra (PDT) e de João Cândido de Oliveira Neto, compuseram a Mesa as coordenadoras da Secon da Câmara, Vera Anita da Conceição, e da Assembleia Legislativa, Frankilina Cardoso; e Clóvis André Silva da Silva, integrante do Gabinete do Movimento Negro, ligado à prefeitura.

A programação da 26ª Secon da Câmara continua na segunda-feira e se estende até dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, sempre com entrada franca. A programação completa está no site www.camarapoa.rs.gov.br.

Claudete Barcellos (reg. prof. 6481) 

Ouça:
Abre oficialmente a Semana da Consciência Negra