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Trabalhadoras de escolas fazem reclamações contra a Cootrario

Vales alimentação e transporte são parcelados, disseram as funcionárias Foto: Leonardo Contursi
Vales alimentação e transporte são parcelados, disseram as funcionárias Foto: Leonardo Contursi (Foto: Leonardo Contursi)
Denúncias envolvendo a Cootrario, cooperativa que presta serviços de limpeza e de cozinha nas escolas municipais, foram apresentadas por funcionários nesta terça-feira (23/9) à Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (Cece) da Câmara Municipal de Porto Alegre. As queixas dos trabalhadores se referem a pagamentos parcelados do vale-alimentação e do vale-transporte.

Conforme eles, a Cootrario também tem atrasado as férias, reduzido o número de trabalhadores e não está fazendo os depósitos para o FGTS. Após ouvir os relatos das trabalhadoras, a vereadora Sofia Cavedon (PT) fez contato com o vice-prefeito Sebastião Melo, que marcou reunião com uma comissão de funcionários para hoje, às 15h30min.

Trabalhadores de várias escolas compareceram à reunião coordenada por Sofia e fizeram relatos da situação. "Por que a Smed pressiona os trabalhadores mas não faz nada contra a Cootrario? Somos cobrados, mas eles (a Cootrario) não", questionou uma das trabalhadores presentes à reunião. Ela confirmou que tudo é sempre pago com atraso e que o vale-transporte e o vale-refeição são depositados diariamente.

Uma funcionária demitida recentemente denunciou que ao encaminhar os papéis da demissão descobriu que desde fevereiro de 2013 a Cootrario não deposita o Fundo de Garantia. "Além disso, seguram a Carteira de Trabalho, o que impede a gente de conseguir o seguro-desemprego ou de procurar um outro emprego." Outra confirmou que, apesar de ter o desconto todo mês no contracheque para o FGTS, em três anos tem saldo zero na conta do Fundo.

Outra trabalhadora denunciou que, no último mês, o salário só foi depositado no oitavo dia útil do mês. "Ligaram para a escola ontem e ameaçaram de demissão por justa causa. Nosso salário é de fome. Trabalho há quatro meses e nem exame de admissão fiz ainda. Ela também confirmou que o vale-refeição, de R$ 12,00, tem sido depositado diariamente.

Em outro relato, uma funcionária disse que há três anos trabalha sem conseguir tirar férias. "A gente liga para a firma e para a Smed e não tem nenhuma informação. Se faltamos ao trabalho, vamos para a rua. Só queremos os nossos direitos."

Conforme uma das funcionárias, que trabalha para a Cootrario há cinco meses, o salário que recebe é de R$ 691,00. "Incluem o adicional por insalubridade no salário, mas na realidade pagam um básico inferior ao salário mínimo, que é de R$ 742,00." Alguns trabalhadores chegaram a abandonar o emprego pela falta de condições, acrescentou ela.

Coragem

Sofia elogiou a coragem das trabalhadoras em comparecer à reunião para apresentar as denúncias. "Ficamos sabendo inclusive de ameaças da Secretaria Municipal da Educação (Smed) de que seria cortado o ponto de quem viesse na reunião. Ligamos para o vice-prefeito Sebastião Melo e dissemos que isso era inadmissível." A vereadora observou que tem sido somente através da pressão que os trabalhadores terceirizados têm obtido avanços nas relações trabalhistas. "Desde 2011, por exemplo, todos têm carteira assinada."

A vereadora informou que Smed, Cootrario, o Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação de Porto Alegre (Sindiasseio) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) foram convidados para a reunião. Lamentou, porém, que nenhum deles compareceu ao encontro. "Há uma posição deliberada de não vir dar explicação sobre o tema." Para evitar o corte do ponto ou alguma punição aos trabalhadores, a Cece forneceu atestado para ser levado pelos funcionários à escola.

Texto: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)