Comunicações Temáticas

Ufrgs apresenta projeto de Pesquisa em Saúde Urbana

Achutti falou sobre a relação entre urbanização e saúde Foto: Leonardo Contursi
Achutti falou sobre a relação entre urbanização e saúde Foto: Leonardo Contursi (Foto: Leonardo Contursi)
O Projeto de Extensão e Pesquisa em Saúde Urbana, Ambiente e Desigualdades, desenvolvido pelo Departamento de Medicina Social da Ufrgs foi o assunto tratado no período destinado às Comunicações Temáticas, na tarde desta quinta-feira (17/12), na Câmara Municipal de Porto Alegre. Professor aposentado, o médico Aloyzio Achutti destacou que a medicina preocupa-se em promover a saúde, envolvendo-se em todas as circunstâncias para que a doença não se desenvolva no corpo humano. "Saúde e doença estão relacionados com a vida que a população leva. É importante a conscientização e o cuidado de todas as partes." 

Achutti citou também que a urbanização acompanha o desenvolvimento da medicina de forma positiva, porém, compromete a sustentabilidade. "Muitos fatores são ligados à urbanização, desde energia ao emponderamento da mulher na sociedade. O projeto é resultado de pesquisas e estudos realizados por pessoas de extrema capacidade", disse.

Sobre o assunto, os seguintes vereadores se manifestaram:

GRATIDÃO - Jussara Cony (PCdoB) afirmou que é possível, ainda, construirmos um outro mundo para os nossos descendentes. "Projetos de desenvolvimento político, econômico e social precisam levar em conta um planejamento sustentável para o futuro", disse. A vereadora lembrou de nomes representativos na medicina de Porto Alegre e ressaltou que seguiu a carreira de farmacêutica com o intuito de promover uma saúde social e coletiva. (JD)

URBANIZAÇÃO - Engenheiro Comassetto (PT) destacou que considera como uma das grandes degradações da humanidade a falta de consciência ambiental. "Nós, como agentes públicos, devemos enfrentar os problemas ambientais e orientar a população quanto aos processos urbanísticos que ocorrem nas cidades", disse. O vereador ressaltou que o sistema capitalista vem criando uma geração fora do peso normal e extremamente consumista e que os 36 vereadores estão com uma dívida com os cidadãos de Porto Alegre, no que diz respeito à reforma urbana. "A periferia está abandonada pelo poder público e este fato gera desigualdades sociais e também ambientais", afirmou. (JD)   

SAÚDE - Dr. Raul Fraga (PMDB) afirmou que é militante da saúde pública. "Desde sempre dei destaque no meu trabalho às comunidades carentes e o que vejo é um avanço na saúde urbana, a qual está ligada diretamente à questão ambiental", disse. O vereador ressaltou que não é possível criar novas expectativas urbanas apenas com reclamações e que é preciso um sistema de reestruturação social para que as cidades sejam mais acessíveis e sustentáveis. "Os cursos de medicina devem, cada vez mais, ser cobrados por uma formação e postura digna dos novos médicos e que os estabelecimentos de saúde devem atender primariamente a todos os cidadãos que precisem. (JD)

VULNERABILIDADE - Fernanda Melchionna (PSOL) destacou a importância do trabalho do departamento de medicina da Ufrgs na construção social da humanidade. "Não é nenhuma novidade que o ano de 2014 foi o mais violento na cidade de Porto Alegre e o que vemos é que as áreas mais vulneráveis são aquelas que também têm a menor expectativa de vida", disse. A vereadora ressaltou que a renda per capita das periferias ainda é significativamente menor que o resto da cidade e que este fato demonstra que vários fatores sociais, como mortalidade infantil e evasão escolar, estão ligados à desigualdade sócio-espacial. (JD)

PREVENÇÃO
- Waldir Canal (PRB) lamentou que ao longo dos tempos os diferentes governos não têm privilegiado a prevenção na área da saúde. O vereador também frisou a necessidade de investir na educação e conscientização da população para evitar doenças "pré-históricas".
"Temos que alocar recursos no saneamento, tratamento de água, esgoto, asfaltamento de vias. O fundamental é a prevenção, senão o preço é muito caro. Crianças que estão nascendo com má-formações terão que conviver com isso por toda a vida", afirmou. (CV)

ELOGIO
- Sofia Cavedon (PT) elogiou o trabalho desenvolvido pelos profissionais da área de Medicina Social da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Conforme ela, é importante que acadêmicos auxiliem os parlamentares com estudos, levantamentos e informações, para que as políticas sejam melhor formuladas. "Tenho um filho que está terminando o primeiro ano da faculdade de Medicina e conheço a instituição, sei que desenvolve um trabalho extremamente sério", elogiou. (CV)

SANEAMENTO - Dr. Goulart (PTB) se disse feliz por não ser obrigado apenas a criticar as deficiências do Estado na tribuna e poder também elogiar o trabalho feito pelas últimas gestões da Prefeitura de Porto Alegre. De acordo com o ex-secretário da Indústria e Comércio, obras como a remoção da Vila Dique e mudança de local da vila Chocolatão reduziram a mortalidade infantil e melhoraram as condições de saúde dessas comunidades. "No ano em que transpusemos aquelas pessoas do lodo, da miséria da Vila Dique, para residências estruturadas, com banheiros decentes, nenhuma criança morreu. É um exemplo singelo e concreto da importância do saneamento básico", resumiu. (CV)

UNIVERSIDADE - Alberto Kopittke (PT) expressou sua convicção a respeito da importância de acadêmicos participarem da formulação de políticas públicas. "O dinheiro público não pode ser gasto somente com base no achismo e na ideologia", afirmou. Traçando um paralelo, o parlamentar disse que, se isso começa a ocorrer na Saúde, na área da Segurança Pública ainda é uma realidade distante. Nesse segmento, segundo ele, o trabalho segue sendo feito a partir de "tradições arcaicas". "As decisões tomadas não se amparam em evidências, em estudos, elas simplesmente não utilizam o saber científico", lamentou. (CV)

ESTUDOS
 - Dr. Thiago Duarte (PDT) saudou a presença de acadêmicos no Plenário Otávio Rocha e ressaltou a importância de seu trabalho para o desenvolvimento de políticas públicas adequadas à realidade local. Thiago recordou do período em que Kevin Krieger (PP) era secretário de Direitos Humanos e Segurança Urbana e ajudou a desenvolver um mapa da saúde no município de Porto Alegre. Partindo desse trabalho, Thiago recorda que procedimentos da rede de saúde em relação às mulheres da Restinga, que tinham muitos filhos indesejados, foram modificados e que posteriormente o índice de fertilidade do bairro foi reduzido. "Nossos estudos ipactam a vida das pessoas e permitem um melhor planejamento em saúde", sintetizou. (CV)

INDICADORES – Carlos Casartelli (PTB) ressaltou que a Ufrgs é um orgulho para a população gaúcha e exerce função fundamental para a pesquisa e fornecimento de indicadores de saúde. Destacou que, neste sentido, os profissionais da saúde pública realizam um trabalho de extrema importância. "O país precisa evoluir, e o gestor público deve, apesar das dificuldades, aproximar as universidades da gestão pública da saúde." Casartelli observou que Porto Alegre tem políticas de saúde consideradas entre as melhores do país. "Devemos buscar o conhecimento dos indicadores de saúde, pois os dados da universidade são extremamente confiáveis, a fim de enfrentarmos as vulnerabilidades sociais. Há problemas sociais que, muitas vezes, não entram no cálculo de investimentos de saúde, mas que contribuem para o aumento da qualidade de vida da população." (CS)

Texto: Clara Porto Alegre (estagiária de Jornalismo)
         Juliana Demarco (estagiária de Jornalismo)
         Caio Venâncio (estagiário de Jornalismo)
         Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)