Drogas

Vereadores apoiam campanha contra o crack

RBS: Lúcia Bastos dirige Marketing Corporativo Foto: Bruno Todeschini
RBS: Lúcia Bastos dirige Marketing Corporativo Foto: Bruno Todeschini

Os integrantes da Mesa Diretora da Câmara Municipal e os líderes das bancadas ouviram, nesta segunda-feira (25/5) pela manhã, a diretora de Marketing Corporativo da RBS, Lúcia Bastos, expor o projeto Crack, bandeira dos veículos da empresa, neste ano, no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a ser lançado na quinta-feira (28/5). O projeto de responsabilidade social Crack, nem pensar tem como público alvo o usuário em potencial, visando a impedir a entrada no vício daqueles que não são consumidores da pedra.

Os líderes partidários e os integrantes da Mesa apoiaram o projeto, que se baseia no tripé institucional, publicitário e editorial, e apresentaram algumas propostas. O presidente do Legislativo Municipal, vereador Sebastião Melo (PMDB), convidou a RBS a participar de uma das plenárias temáticas realizadas às quintas-feiras, em que o assunto será debatido. A data deverá ser definida futuramente. A TV Câmara, por sugestão da líder do PT, vereadora Márcia Celeste, exibirá as peças publicitárias da campanha que, alertou Lúcia, são muito fortes, até mesmo chocantes.

Lúcia afirmou que a decisão pela bandeira foi tomada após discussões iniciadas no final do ano passado, com especialistas no assunto. O Estado não tinha um só viciado em crack há 11 anos. Atualmente, são 55 mil, e a projeção é de que, em três anos, se nada for feito, o número poderá chegar a 300 mil. Segundo as autoridades no assunto, o crack está na raiz de mais de 60% dos crimes praticados no Rio Grande do Sul, e o índice de recuperação fica entre 2% e 3%. A droga é letal.

Classes

O viciado em crack consome, diariamente, até 20 pedras, ao custo unitário de R$ 5,00, o que justifica o alerta do vereador Waldir Canal, líder do PRB, de que esta é uma droga das classes abastadas e não das mais necessitadas. “As festas raves são impulsionadas pelos consumidores de crack”, afirmou Canal, alertando que “a Brigada Militar tem de agir, e a própria sociedade precisa fiscalizar a distribuição da droga”.

O tripé institucional do projeto prevê a parceria dos órgãos públicos e da iniciativa privada no trabalho de prevenção à droga. A vereadora Maria Celeste, líder do PT, ao falar em nome de seu partido e da Frente Parlamentar em Defesa da Infância, disse que os 12 vereadores que integram a Frente já se comprometeram a debater sobre o crack e estão em contato com o Poder Executivo para conhecer as ações de combate a essa droga. “Vamos fiscalizar o Orçamento do Município para saber que recursos as Secretarias Municipais da Saúde e da Educação e a Fasc (Fundação de Assistência Social e Cidadania) têm para o combate do crack e para o acompanhamento dos viciados pós-internação.”

Luiz Braz, líder do PSDB, alertou para uma frase da campanha publicitária, que começará a ser exibida na sexta-feira (29/5). Segundo ele, ao dizer que o crack é um caminho sem volta, a campanha estaria desestimulando aqueles viciados que lutam para abandonar a pedra. Para o vereador, é preciso pensar, também, nos poucos que conseguem se recuperar. Lúcia Bastos reafirmou que, neste momento, o público alvo é o usuário em potencial. Disse também que, ao longo do ano, a campanha poderá se ajustar às sugestões da sociedade.

Medo

Mauro Zacher, líder do  PDT, lembrou que muitas vezes não se fala do problema, com medo de incentivar o uso da droga. Mas, disse ele, é preciso adotar, sim, uma postura preventiva. Postura essa vista pela 1ª vice-líder do PSOL, Fernanda Melchionna, como algo fundamental na luta contra o crack. Fernanda ressaltou que entre os viciados não estão apenas jovens, mas adultos com “trabalhos precários”. Ela defendeu a existência de políticas públicas para os que já estão viciados.

Haroldo de Souza, líder do PMDB, ressaltou que, como profissional de comunicação, sempre alertou: “Não entrem no crack”. O vereador define a pedra como “o inferno que chegou e precisa ser combatido”. Ele defende a colocação de um soldado da Brigada Militar na porta “de cada escola” e afirma que o custo desses soldados deverá ser pago por todos: “pelos órgãos públicos, pela iniciativa privada e pela imprensa que tanto gosta de fiscalizar e que deve mesmo fiscalizar”.

Já o vereador Tarciso Flecha Negra (PDT), 3º secretário da Mesa Diretora, lembrou que há 10 anos avisava da chegada  de uma droga letal. No trabalho social que desenvolve por meio do esporte, perdeu “alguns alunos para o crack”. Atualmente, na sua escola de futebol no Chapéu do Sol, no bairro Ponta Grossa, em Porto Alegre, Tarciso atende 180 crianças e adolescentes, dos seis aos 15 anos, e pede que a Brigada Militar passe por ali de meia em meia hora, para impedir o tráfico de drogas.

Social

Com experiência em trabalho social, Elias Vidal, líder do PPS, classificou a campanha como “uma tentativa de estancar uma hemorragia”. Elias afirmou que o vício em crack tem duas fases: “a terminal, em que só um milagre salva o viciado, e a inicial, em que as famílias precisam tirar o conforto do usuário”. Para o vereador, a recuperação, na atualidade, ocorre mais nas comunidades terapêuticas do que nas clínicas.

O líder do PP, João Dib, considerou que esta é uma guerra que deve ser vencida. Otimista, também, revelou-se o 2º vice-presidente da Mesa, Toni Proença (PPS). “Temos de enfrentar o problema e envolver toda a sociedade nesta luta”. Reginaldo Pujol, líder do DEM, alertou para o fato de que crack, assim chamado pelo som que a pedra emite ao ser queimada, em português lembra craque, título dado aos que se superam em suas atividades. Portanto, segundo ele, “é preciso uma campanha inteligente para fazer refletir sobre o crack”.

Assessoria de Imprensa CMPA