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Vereadores criam frente parlamentar contra privatizações

Ato reuniu sindicalistas e servidores Foto: Ederson Nunes
Ato reuniu sindicalistas e servidores Foto: Ederson Nunes (Foto: Foto de Ederson Nunes/CMPA)
Diante da alardeada crise nas finanças do Rio Grande do Sul, o governador José Ivo Sartori parcelou o salário dos servidores estaduais, sugeriu o aumento de impostos e propôs a extinção de fundações públicas, entre outras medidas. Temerosos sobre quais podem ser os próximos alvos do Executivo gaúcho na busca do equilíbrio das contas, vereadores e sindicalistas lançaram, na tarde desta terça-feira (22/9), no Auditório Ana Terra da Câmara Municipal de Porto Alegre, a Frente Parlamentar pela renovação da concessão da CEEE e pelo fortalecimento da CEEE, da Corsan, do Banrisul, da Sulgás e da CRM.

Os ativistas enfatizaram que, em sua visão, vender patrimônio público é prejudicar sobretudo os pobres, que mais necessitam do Estado. Proponente da iniciativa, o vereador Airto Ferronato (PSB) contou que a venda do Estado é um tema recorrente ao longo das décadas. "Privatizar é jogar fora o patrimônio público. Não pagaríamos a nossa dívida com a União e ficaríamos sem patrimônio", resumiu. Ferronato disse temer que o setor de cartões do Banrisul, bastante lucrativo, seja entregue à iniciativa privada, o que, segundo ele, pode ocorrer em breve se a Assembleia Legislativa votar favoravelmente. Em função de brechas na lei, a transação não teria que passar pelo aval de um plebiscito estadual, como costuma acontecer com projetos de mesmo teor. "Eles só querem administrar os filés, as partes lucrativas das empresas", indignou-se.

CEEE e Banrisul

Vice-presidente do Sindicato dos Eletricitários do Rio Grande do Sul (Senergisul), Ana Spadari reivindicou os mais de 70 anos de contribuição da CEEE com o desenvolvimento do Estado. Para ela, isso se materializa, por exemplo, nos mais de 6 mil quilômetros de linhas de transmissão. Ana assinalou também que a empresa não utiliza recursos do caixa único do Estado, embora o contrário aconteça com frequência. Privatizar, portanto, seria uma decisão ideológica, na sua opinião. "O fantasma da privatização nos ronda desde 1997, ainda sob o governo Britto. Boa parte da CEEE foi entregue à iniciativa privada, e eu pergunto: onde está o dinheiro? Resolvemos nossos problemas? RGE e AES Sul prestam bons serviços? Se não fosse o investimento público na área de eletricidade, boa parte da população pobre talvez vivesse à luz de velas ainda hoje", afirmou.

Presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários), Everton Gimenis sinalizou, desde o início, que, para ele, privatização é sinônimo de prejuízos ao povo pobre. Voltando seu discurso para o Banrisul, Gimenis lembrou que o banco público é o que atende ao maior número de municípios no Estado, alcançando em torno de 99% da população. "Além de funcionar como indutor do desenvolvimento e ter uma importância muito grande em setores como a agricultura, por meio de financiamentos, o Banrisul é que atende as pequenas localidades. Qual banco privado atende às cidadezinhas pobres do Rio Grande do Sul?", indagou.

Vendo semelhanças entre as administrações de Sartori e Antônio Britto, o sindicalista recordou de um episódio da década de 1990. "Britto privatizou a Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT), colocou o dinheiro da venda no caixa único do Estado e realizou meia dúzia de obras com esse valor. Em compensação, o Rio Grande ficou sem posses, descapitalizado, como o pequeno agricultor, que vende a única vaca que possui para pagar uma dívida e depois percebe que continua com um débito, mas já não tem mais fonte de renda", comparou.   

Texto: Caio Venâncio (estagiário de Jornalismo
Edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)