Apeles Porto Alegre e Luciana de Abreu são lembrados
Duas mostras do Memorial da Câmara homenageiam os escritores e professores do século XIX.
Os 100 anos da morte de Apeles Porto Alegre (1850-1917) e os 170 anos de nascimento de Luciana de Abreu (1847-1880) foram lembrados, respectivamente, nos dias 6 e 11 de julho. Para marcar a passagem das datas, a Câmara Municipal da capital gaúcha reapresenta as mostras “Os Irmãos Porto Alegre” e “Luciana de Abreu”. Criadas pelo Memorial do Legislativo, as exposições de banners de fotos e textos estão montadas até o dia 31 deste mês no térreo da Casa.
Apeles Porto Alegre foi professor, escritor e jornalista. Filho de Antônio José Gomes Porto Alegre, inspetor da alfândega de Rio Grande, e de Joaquina Delfino da Costa Campelo Porto Alegre, viveu, com os irmãos Apolinário e Aquiles Porto Alegre, o interesse pela literatura. Realizou os estudos preparatórios no Colégio Gomes e, aos 26 anos, abriu sua própria escola, o Colégio Rio-Grandense. Em 1880, comprou uma tipografia, iniciando a publicação do jornal republicano A Imprensa, que, apesar de apenas dois anos de existência, teve grande importância no cenário político da Capital. Em 1890, Apeles foi nomeado diretor de instrução pública e da Escola Normal. Filiou-se ao Partido Federalista do Rio Grande do Sul, foi redator de A Reforma e membro fundador da Academia Rio-Grandense de Letras e da Sociedade Partenon Literário, da qual colaborou em todos os números de sua revista.
O Partenon foi a principal agremiação de literatura do Rio Grande do Sul no século XIX, tendo surgido antes mesmo das Academias Brasileira e Riograndense de Letras. Além dos irmãos Apeles, Apolinário e Aquiles Porto Alegre, reuniu intelectuais como Caldre Fião, Luciana de Abreu, Múcio Teixeira, Aurélio Bitencourt, Carlos Von Koseritz e Lobo da Costa. A sociedade foi extinta oficialmente em 1925 e recriada em 1997, mas nunca teve uma sede própria. A mostra sobre Apeles e seus irmãos é formada por 11 banners.
Pioneira
Composta por 13 banners, a exposição sobre Luciana de Abreu tem curadoria do escritor Benedito Saldanha. Conta a história da escritora, professora e pioneira da luta pela emancipação da mulher no Rio Grande do Sul. Abandonada na roda dos expostos da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre logo após o nascimento, Luciana foi adotada pelo guarda-livros Gaspar Pereira Viana e sua esposa. A menina cresceu na família Viana e, em 1867, casou-se com João José Gomes de Abreu, com quem teve dois filhos: Maria Pia e Teófilo. Entrou para a Escola Normal, criada em 1869, e, ao concluí-la, conseguiu ingressar no magistério provincial.
Luciana se destacou nos meios culturais e nos saraus literários, tendo sido convidada para ingressar no Partenon Literário. Foi a primeira mulher a entrar, no Brasil, para uma sociedade literária, bem como a primeira a subir à tribuna para expor suas ideias, como a emancipação feminina. Morreu aos 33 anos, vítima de tuberculose. Dante de Laytano reuniu, em 1949, vários de seus poemas em três volumes, sob o nome de Preleções.
Visitação
As duas mostras podem ser visitadas até 31 de julho, das 8 às 18 horas, de segundas a sextas-feiras, com entrada franca. A Câmara Municipal de Porto Alegre fica na Avenida Loureiro da Silva, 255. Informações na Seção de Memorial: (51) 3220-4318.
Texto: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481) *
*Com informações do Memorial/CMPA
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)