Associação da Nova Chocolatão cobra construção de sede
A Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação (Cuthab), da Câmara Municipal de Porto Alegre, recebeu, nesta terça-feira (15/9), no Auditório Ana Terra, representantes da Associação dos Moradores da Vila Nova Chocolatão e do Executivo da Capital para debater problemas do reassentamento. O presidente da entidade, Carlos de Souza, e o conselheiro fiscal, José Luiz Ferreira, cobraram a construção de uma sede para a associação, que teria sido prometida pelo Demhab, e o oferecimento de oportunidades de trabalho condizentes com a vocação da comunidade para a catação e a reciclagem de lixo.
Ferreira disse que, desde a mudança do Centro para as novas habitações, mais de 70% dos moradores da Nova Chocolatão deixaram a comunidade. Saíram por que não gostaram das casas? Não, pois as casas são lindas, afirmou. Segundo ele, a falta de trabalho na região foi o grande motivo para a venda das moradias. De vez em quando, oferecem umas oficinas, mas as pessoas ganhavam R$ 200 por semana catando lixo; não dá para tentar transformar um cara que vivia catando lixo em auxiliar de escritório, afirmou. De acordo com ele e Carlos de Souza, a comunidade espera que o Demhab construa uma sede para a associação para que os moradores não precisem se reunir na rua.
Executivo
A representante da Secretaria de Governança Local na reunião, Vânia Gonçalves de Souza, disse que não existe passe de mágica em um reassentamento. É um processo delicado, que mexe no estilo de vida das pessoas, enfatizou. Antes os moradores não tinham água, nem luz; viviam de gatos, e perto da Disneylância do lixo, que é o Centro, mas agora estão longe. Segundo Vânia, ainda há dificuldades de adaptação. Tem gente que ainda tem medo de usar o chuveiro; preferem tomar banho no tanque; outras fazem fogo no meio da sala porque têm medo do fogão, lamentou. Ela garantiu que já recebeu o aval de Ferreira e de Souza para ampliar a sede da associação por meio de uma parceria. Disse ainda que a unidade de triagem de lixo funciona bem na Nova Chocolatão, mas poderia melhorar.
A superintendente de Ação Social e Cooperativismo do Demhab, Maria Horácia Ribeiro, afirmou que a construção da associação é uma página virada. Garantiu que já existe a sede prometida, instalada em uma das unidades habitacionais, com possibilidade de ampliação, que está legitimamente cedida à ONG Cirandar, voltada para educação. Horácia afirmou que o Executivo tem dado todas as oportunidades para que os moradores se adaptem. Quando a gente oferece capacitação, não aparecem; quando não oferecemos, reclamam que não oferecemos, criticou. Conforme a servidora, na usina de triagem de lixo há apenas 40 pessoas trabalhando, das 180 famílias da vila.
O conselheiro fiscal da Associação de Moradores rebateu as informações de Horácia. Afirmou que, na casa cedida à Cirandar, funciona uma biblioteca onde mal cabem quatro pessoas. É uma ofensa ao nosso bom sendo chamar aquilo de sede, disse Ferreira. Não é verdade que temos associação; queremos um espaço livre, reivindicou.
Reunião na comunidade
O secretário municipal adjunto de Trabalho e Emprego, Marcello Chiodo, disse que pretende conversar com a comunidade na própria vila, para saber que cursos as pessoas querem que sejam oferecidos e comprometeu-se a marcar uma reunião no local. O vereador Alceu Brasinha (PTB) sugeriu que seja feito na comunidade um amplo trabalho de educação para adaptar as pessoas às novas casas e trabalhos. O presidente da Cuthab, Delegado Cleiton (PDT), também defendeu a realização de uma reunião na Nova Chocolatão para que mais moradores possam expor suas demandas e sugestões.
Texto: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)