Comissões

Cartilha trata de direitos da mulher e combate à violência

A socióloga Nina Becker (d) é a autora dos textos da cartilha Foto: Ederson Nunes
A socióloga Nina Becker (d) é a autora dos textos da cartilha Foto: Ederson Nunes
Aos 65 anos, a dona de casa Maria Umbelina de Oliveira conviveu com a violência do marido por mais de duas décadas. “Passei coisas horríveis. Ele ameaçava matar a mim e aos nossos filhos”, recordou. Mas ela criou coragem e denunciou o companheiro. “A polícia chegou a prender ele algumas vezes. Com o passar do tempo, a situação foi melhorando, até que ele faleceu no ano passado.”

Para incentivar as mulheres a denunciar os casos de agressão, a Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh) lançou a cartilha Enfrentando a Violência contra a Mulher na tarde desta terça-feira (12/11). O ato foi realizado no estande da Câmara Municipal de Porto Alegre na 59ª Feira do Livro, na Praça da Alfândega. “Os dados envolvendo a prática de violência são estarrecedores. Temos 5 mil mulheres assassinadas por ano no Brasil”, salientou a presidente Fernanda Melchionna (PSOL).

A parlamentar também lembrou que faltam investimentos em delegacias e centros de referência em atendimento às vítimas de violência. “A cada dia, 15 mulheres são vítimas de agressões. Em 70% dos casos, elas partem dos próprios companheiros. Muitas delas já deveriam estar protegidas pelo Poder Público.”

A secretaria-adjunta de Políticas para Mulheres da Prefeitura, Waleska Vasconcellos, reconheceu as dificuldades. Salientou, porém, a parceria com municípios da Região Metropolitana. “Porto Alegre carece de abrigos, mas, em parceria com outras cidades, temos conseguido afastar a vítima de violência de seu agressor, levando elas para Viamão e recebendo mulheres de lá”, contou.

A vereadora Luiza Neves (PDT), presidente da Frente Parlamentar de Combate à Violência contra a Mulher, ressaltou que a cartilha conta com informações importantes. “Grande parte das mulheres tem medo de denunciar as agressões. Nossa intenção na Cedecondh é esclarecer que isso é possível e dar coragem a elas”, afirmou.

Autora dos textos da cartilha, a socióloga Nina Becker, assessora da Cedecondh, destacou que a consolidação dos direitos das mulheres passa pela luta histórica que vem sendo construída ao longo dos anos. “E esta cartilha é mais um passo nesta luta.”

A atividade também contou a presença dos vereadores Mario Fraga (PDT), Marcelo Sgarbossa (PT) e Mônica Leal (PP).


Texto: Maurício Macedo (reg. prof. 9532)
Edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)