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CEEE e Dmae explicam problemas no abastecimento da Capital

Guilherme Barbosa detalhou planos de investimentos em energia Foto: Ederson Nunes
Guilherme Barbosa detalhou planos de investimentos em energia Foto: Ederson Nunes
Parlamentares da Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh), da Câmara Municipal de Porto Alegre, ouviram dirigentes da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) e do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), na tarde desta terça-feira (18/2). A reunião, realizada na Câmara, tratou das falhas no abastecimento de energia elétrica e de água na cidade.

O presidente da Cedecondh, vereador Alberto Kopittke (PT), lembrou que a proposta de realizar a reunião partiu da vereadora Séfora Mota (PRB), que está em licença. Além de Kopittke, também estiverem presentes os vereadores João Carlos Nedel (PP) e Mario Fraga (PDT) e as vereadoras Any Ortiz (PPS) e Mônica Leal (PP), além de representantes da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Concedidos (Agergs) e do Procon da Capital.

CEEE

O diretor da CEEE, Guilherme Barbosa, detalhou os planos de investimentos em expansão, renovação e melhorias das instalações de subestações e linhas de transmissão. Segundo ele, Porto Alegre conta com 584 mil economias, o que representa um terço dos clientes da companhia.

O calor excessivo deste verão foi destacado como fator de elevação do consumo a patamares altíssimos. “De 2000, quando começou o acompanhamento, até agora, o consumo aumentou 80%, enquanto a população cresceu 4%.”

Barbosa lembrou que a última subestação construída antes do governo Tarso foi em 2001, ainda no governo de Olívio Dutra. “Já duplicamos esta, estamos construindo mais quatro e licitando outra.” Quanto às linhas de transmissão na Capital, há sete obras em andamento e mais três para serem licitadas em 2014. “O que temos de energia chegando a Porto Alegre é suficiente para abastecer a cidade. O que falta é termos as subestações melhor preparadas. E investir no crescimento futuro.”

Com relação aos alimentadores, a CEEE informou que, de 2003 a 2010, apenas três foram construídos na Capital com recursos de terceiros. “Entre 2011 e 2013, já construímos 20 novos e temos 44 em obras para serem finalizadas até julho”, garantiu. Barbosa, no entanto, reconheceu que a distribuição de energia elétrica não é igual em todos os bairros. “Tivemos problemas na região Sul da cidade. Uma empresa privada que tinha que construir uma subestação, até o segundo semestre do ano passado, não o fez. Agora, quando todas as obras listadas estiverem concluídas, Porto Alegre dará um salto de qualidade como nunca viu em termos de abastecimento de energia. Vai demorar um ano, ano e meio. Mas temos que construir alimentadores para que isso aconteça. Executando mais obras, a gente também precisa parar o fornecimento para que elas avancem. Ou seja, é necessário quebrar os ovos para fazer omelete.”

Dmae

O diretor-presidente do Dmae, Flavio Presser, ressaltou que as maiores dificuldades estão nas áreas que ficam nas pontas de rede ou em regiões elevadas. Disse que as causas de interrupção do abastecimento são de três tipos: paradas operacionais, excesso de consumo ou falta de energia elétrica. “Água potável não cai do céu. Ela precisa ser tratada. Então, temos um limite, que, dependendo do consumo, pode ser ultrapassado. Não aconteceu em Porto Alegre ainda.”, afirmou.

Presser também informou sobre as ações para ampliar a capacidade. “Algumas são mudanças operacionais dentro do próprio sistema, com ele operando, quando a demanda supera nossa capacidade tanto de produção quanto de distribuição de água potável. O que significa que temos que trocar a roda com o carro andando, muitas vezes”.

As perdas de água em ligações clandestinas foi um dos problemas apontados. “Ocasiona elevadas perdas (50%) e alta inadimplência (70%)”. Segundo ele, 70% dos moradores de áreas irregulares têm máquinas de lavar roupa, e muitos também têm piscinas plásticas. “O censo do IBGE contabilizou 243 mil moradores (6,2%) nessas localidades, onde o consumo médio é de 186 litros por habitante ao dia, enquanto a média na cidade é 150”, comparou.

Outro ponto destacado é a cultura de que a água é um bem infinito e que tem custo baixo. “Muita gente esquece que a tarifa aqui é subsidiada, já que 85% dos consumidores pagam menos do que o custo de produção graças à tarifa social.”

Para o Dmae, entretanto, o principal problema está no aumento da falta de energia elétrica. “Interrupções aceitáveis são de 21 minutos, mas atualmente estão passando de 50. Quando há paradas de energia, param o sistema de bombeamento e a transmissão de água. E o retorno não tem a mesma velocidade. Pouco tempo sem luz causa problema de horas de falta de água. Demora a retomar o sistema de bombeamento, precisamos fazer manobras na rede para retirar bolhas de ar que não permitem o escoamento da água, por exemplo.”

Com relação ao uso de geradores de energia, Presser foi categórico: “É economicamente inviável”. Afirmou que o investimento seria de cerca de R$ 100 milhões com aquisição de terrenos e edificações. “É um custo 160% maior do que bombeamento alimentado por energia elétrica, o que acabaria refletindo na tarifa de água.”

Colina do Prado

Representando o Movimento Popular do bairro Jardim Carvalho, Dorlei dos Santos reclamou da falta de abastecimento de água na região conhecida como Colina do Prado. “Vejo que há muita transferência de responsabilidade. Ficamos 48 horas sem água e falaram que era por falta de energia elétrica. Mas o que aconteceu foi a queda de um poste com transformador do Dmae.”

Segundo Presser, o problema da comunidade é algo localizado. “Existe uma ocupação irregular naquela região, que é uma área de proteção ambiental, o que impede que possamos fazer as obras que seriam necessárias”, explicou.


Texto: Maurício Macedo (reg. prof. 9532)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)