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Complexo do Porto Seco e carnaval são temas de reunião

Vereadores receberam carnavalescos, entidades e o Executivo Foto: Cassiana Martins
Vereadores receberam carnavalescos, entidades e o Executivo Foto: Cassiana Martins (Foto: Cassiana Martins/CMPA)
A Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (Cece) realizou, na tarde desta terça-feira (10/4), na Câmara Municipal de Porto Alegre, reunião especial sobre o Complexo Cultural Porto Seco. O presidente da comissão, vereador Reginaldo Pujol (DEM), junto ao vice, vereador Tarciso Flecha Negra (PSD), e os demais integrantes - vereadores Sofia Cavedon (PT), Professor Garcia (PMDB) e Dinho do Grêmio (DEM) - receberam entidades envolvidas e carnavalescos para apresentarem os preparativos para o carnaval 2015.

Cadeia econômica

Para Joaquim Lucena, coordenador das manifestações populares da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), é sempre bom estar na Câmara e falar sobre a cultura do carnaval, que, segundo ele, muitas vezes não é entendida em Porto Alegre. “As pessoas devem entender que existe toda uma cadeia produtiva em torno desse evento. Para se chegar ao projeto final do complexo, por exemplo, foram feitas pesquisas e viagens, a fim de entender o funcionamento e construções de outros espaços semelhantes em diversos estados e municípios do Brasil”, afirmou.

O engenheiro da SMC Valdinei Nascimento, responsável pelas estruturas temporárias do Porto Seco, apresentou, através de slides, a maneira como o carnaval da Capital será organizado tanto nos quesitos técnicos, bem como econômicos. “O somatório total de público estimado nos cinco dias de celebração será de 280 mil pessoas, além das 2 mil pessoas envolvidas na parte operacional e produção. Atualmente nosso carnaval gera 6 mil empregos diretos e 20 mil empregos indiretos”, destacou. 

Prazo

Após a apresentação, Professor Garcia realizou alguns questionamentos, entre eles o motivo pelo qual as estruturas definitivas do carnaval, nesses 10 anos de Porto Seco, ainda não foram construídas. “Sabe-se que anualmente gasta-se, através de licitação com empresas que oferecem as estruturas temporárias, cerca de R$ 1,5 milhão, recurso que poderia estar sendo investido em obras do projeto. Há previsão para essa construção?”, indagou.

Anderson Peterson, diretor financeiro da SMC, declarou que, em 2014, foram destinados R$ 9 milhões do orçamento para o início da construção das arquibancadas no Porto Seco, o que acabou não ocorrendo por falta de adequações no projeto apontadas pela Secretaria Municipal de Urbanismo (Smurb). “A realização total do projeto custará cerca de R$ 75 milhões. Em 2015, o orçamento foi reduzido para R$ 3 milhões, o que seria suficiente para o inicio da construção das arquibancadas”, disse. 

Atrativos

A vereadora Sofia Cavedon enfatizou que os parlamentares estão preocupados com a priorização dada a essa iniciativa. Além disso, questionou as ações previstas no sentido de coibir a exploração sexual de menores, bem como campanhas de prevenção contra doenças sexualmente transmissíveis. Maria Antônia Marques, servidora da SMC, afirmou que conselheiros tutelares e uma delegacia móvel com apoio à mulher integram a equipe logística do carnaval, bem como ações de distribuição de preservativos.

O vereador Tarciso Flecha Negra lembrou a cultura do carnaval em Porto Alegre e que, nos últimos 10 anos, o hábito de festejar esse período renascido entre os gaúchos. “Penso que devemos criar atrativos, alternativas que aliem saúde, esporte, educação e carnaval: isso gera resultado”, concluiu.

O vereador Dinho do Grêmio ressaltou, assim como os demais colegas, a urgência de serem buscadas solução para a construção da estruturas definitivas do Porto Seco. 

Obras e descentralização
 
O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de Porto Alegre, Juarez Gutierrez, observou que o poder público tem certa dificuldade em transformar o projeto em realidade. “Existem entraves econômicos, mas não encontramos oposições em relação a sua construção, pois todos entendem que essa é uma ferramenta positiva para toda a cidade, inclusive se cogita, entre outros, sua utilização por parte dos piquetes durante os festejos farroupilhas”, afirmou. Gutierrez ainda disse que qualquer obra naquela área não pode durar mais de 10 meses, pois pode comprometer o carnaval dos anos subsequentes. “Sabemos que as obras deverão ser feitas por trechos, para que os desfiles de carnaval não sejam afetados”, concluiu.

Leonardo Maricato, responsável pela área de descentralização da cultura da SMC, afirmou que só o carnaval de rua da Cidade Baixa atraiu, no último final de semana, mais de 30 mil pessoas. “A iniciativa também abrange outras regiões, como a Ilha da Pintada. “A mobilização de tantas pessoas está fazendo com que a prefeitura inclua itens como banheiros químicos e ambulâncias nesses eventos, assim como a realização de reuniões de representantes do poder público, músicos dos blocos e moradores do bairro, muitas vezes penalizados pelo grande numero de cidadãos e excessos cometidos pelos mesmos”, finalizou.

Ao fim da reunião, o vereador Reginaldo Pujol agradeceu a presença de todos comentou que já há algum tempo Porto Alegre deixou muitos saudosistas da época em que o carnaval era realizado nas áreas centrais da cidade. “Acredito a realização dos desfiles no Porto Seco é a melhor e mais viável para nossa cidade. Basta ter vontade política para concretizar esse projeto. Percebo que há sensibilidade por parte do município em relação a essa festa, por exemplo com a descentralização do carnaval nos bairros, como ocorre na Cidade Baixa”, ponderou.

Histórico

A construção da Pista de Eventos no Complexo Cultural do Porto Seco é o cumprimento de um antigo compromisso da Prefeitura. A ideia de construir um palco adequado ao Carnaval nasceu em 1992. O local escolhido, inicialmente, foi o Parque Marinha do Brasil. Não houve restrições dos tradicionalistas, mas teve a oposição de pessoas contrárias à obra, que inclusive acionaram a Justiça para impedir a construção naquele local. Outra possibilidade estudada foi o Bairro Humaitá, onde também se encontrou a resistência de algumas pessoas e, por isso, demorou. Mas prevaleceu a vontade da maioria, e a escolha finalmente recaiu sobre o Porto Seco, na Zona Norte, com total apoio da comunidade. Em 2004, foi realizado ali o primeiro desfile oficial do Carnaval de Porto Alegre.

Texto: Lisie Venegas (reg. prof. 13.688)
Edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)