Comissões

Cuthab debate alagamentos na Zona Norte

Tema deverá voltar à pauta na Comissão, nos próximos 15 dias, para que DEP preste contas aos vereadores.

  • Alagamentos recorrentes no Bairro Sarandi.
    Comunidade reclama das perdas a cada alagamento no Sarandi (Foto: Tonico Alvares/CMPA)
  • Alagamentos recorrentes no Bairro Sarandi.Na foto Margareth Teixeira,presidente da AMRSAE
    Margarete Coelho pediu obras de manutenção e de dragagem (Foto: Tonico Alvares/CMPA)

Os constantes alagamentos da Rua Serafim Alencastro e em entorno, no Sarandi, zona norte, foram o tema da reunião da Comissão de Urbanismo Transportes e Habitação (Cuthab), nesta terça-feira (11/04), no Plenário Ana Terra da Câmara Municipal. Após duas horas de troca de informações os integrantes da Cuthab definiram quatro encaminhamentos: agendar nova reunião para que a prefeitura, por meio do DEP, apresente um conjunto de obras emergenciais para diminuir os prejuízos causados pela chuva desde 2014; reunião externa para vistoria das casas de bombas responsáveis pela drenagem das águas dos arroios e rios que cortam a região; reunião de trabalho com a prefeitura para examinar a assinatura de contratos emergenciais para desassoreamento na área e outras obras emergenciais; e elaboração de um Projeto de lei do Legislativo para que todos os empreendimentos denominados nível 2 – os que exigem contrapartidas de alta monta – passem primeiramente pela Câmara, antes de serem aprovados no âmbito do Executivo (para tanto, é necessária uma alteração no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental) .

Relatos

Durante a reunião, os vereadores ouviram muitas reclamações de representantes de associações de moradores. Ao longo desses três anos, os prejuízos materiais são incontáveis. Tanto as residências quanto as casas de comércio estão sujeitas a grandes perdas como de automóveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, câmaras frias, equipamentos de produção e ocorrência de descargas elétricas.

O vereador Idenir Cecchim (PMDB) disse que sua empresa fica naquela região e que pretende negociar com o prefeito e com o Legislativo a desmontagem da estrutura do antigo aeromóvel, na Avenida Loureiro da Silva, para utilizar o vigamento, o qual compreende mais de cinco quilômetros, e seria suficiente para cobrir com muros os dois lados do Arroio Sarandi. A medida, segundo Cecchim, seria de baixo custo. “Aquilo (vigamento), do jeito que está, não serve para nada”, alertou.

A presidente da Associação dos Moradores da Rua Serafim Alencastro e Entorno (Amarsae), Margarete Teixeira Coelho, denunciou que há descaso do poder público, pois não são realizadas as obras de manutenção e de dragagem. Por conta das perdas materiais, segundo ela, muitos moradores adoeceram e precisam se submeter a tratamento psiquiátrico e tomar remédios. 

O engenheiro do DEP Carlos Adolfo Bernd culpou moradores pelo assoreamento dos arroios. “Eles jogam lixo nos taludes dos arroios, provocando transbordamentos que não ocorreriam em condições normais.” Mesmo assim, o engenheiro reconheceu que há uma série de problemas com bombas, incluindo a chamada obra da Vila Minuano, que são equipamentos inoperantes por conta de uma obra resultante de improbidade administrativa. Bernd reconheceu que diversas obras de dragagem e drenagem deveriam ter sido realizadas na região e não ocorreram. O vereador Valter Nagelstein (PMDB) questionou Bernd: “Pelo que estou vendo, não tinha sequer um processo licitatório”.

O promotor Heriberto Ross, do Ministério Público de Habitação, informou a existência de investigações conjuntas com a Promotoria de Meio Ambiente e adiantou que irá aprofundar o caso para intervir dentro da sua competência. “Tem de drenar os arroios que causam problemas. Tem de mitigar os problemas na cidade, tem de retirar populações de áreas de risco e melhorar o aluguel social”, adiantou Ross. 

O presidente da Cuthab, Doutor Goulart (PTB), coordenou a reunião. Ele enfatizou que o tema voltará à pauta dentro de 15 dias. Também participaram da reunião os vereadores Paulinho Motorista (PSB), Fernanda Melchionna (PSOL), Professor Wambert (PROS) e representantes das associações de moradores do Sarandi. 

Texto: Fernando Cibelli de Castro (reg. prof. 6881)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)