Cosmam

Falta de saneamento e esgoto cloacal causam poluição no Sinos

Cosmam discutiu possível influência da poluição no Sinos sobre o Guaíba Foto: Juliana Freitas
Cosmam discutiu possível influência da poluição no Sinos sobre o Guaíba Foto: Juliana Freitas

Entre as causas apontadas para a mortandade de peixes no Rio dos Sinos, ocorrida no final do ano passado, 89% delas foram decorrentes da falta de investimentos em saneamento básico e de esgoto cloacal na região. A afirmação foi feita pela secretária estadual do Meio Ambiente, Vera Calegaro, em reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal que discutiu a possível extensão do problema ao Lago Guaíba. Segundo a secretária, uma força-tarefa montada para avaliar o problema propôs 25 ações a partir de um diagnóstico das bacias dos rios do Vale dos Sinos e Gravataí, baseadas em dados de 2003. "O Estado quer institucionalizar essas ações para recuperar as duas bacias." Até o final do ano, informou, deverá estar concluído um Plano Estadual de Recursos Hídricos. O vice-presidente da Cosmam, vereador Aldacir Oliboni (PT), salientou que era preciso questionar até quando continuariam ocorrendo problemas ambientais desse tipo e sugeriu que a Comissão faça visitas aos pontos de captação de água no Lago Guaíba.

Para Ênio Henriques Leite, da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), o órgão ambiental vem alertando, desde a década de 90, sobre a queda na qualidade da água do Rio dos Sinos. "Chegou a hora de se fiscalizar o esgoto cloacal que desemboca no Sinos, assim como fizemos em relação aos curtumes, nos anos 80, e à descarga de lixo." Análises feitas pela Fepam entre a década de 90 e 2006, relata o engenheiro, demonstram que o Rio do Sinos tem atingido índices menores do que 2mg/litro de oxigênio, aumentando em 30% as chances de mortandade de peixes pela baixa depuração de matéria orgânica lançada no rio, que recebe descarga de efluentes domésticos e industriais. O vereador Cláudio Sebenelo (PSDB) lembrou que muitas doenças são produtos da sociedade industrial, devido à poluição ambiental.

Também da Fepam, Mauro Moura não afasta a possibilidade de haver alguma influência das descargas de poluentes gerados pelas indústrias na mortandade de peixes, mas ressalta que o Rio do Sinos tem operado com apenas 10m³/s de água, quando o volume ideal deveria ser de 80m³/s a 90m³/s. "Faltava água no Sinos. A mortandade de peixes foi apenas a febre, um indicativo." A representante do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Elemara Lersch, disse que a atuação do órgão é de caráter preventivo, realizando o monitoramento sobre as cargas de efluentes lançadas dentro do manancial e avaliação de impacto. "Os impactos das descargas de esgotos feitas na Bacia do Gravataí se estendem pelo Delta do Jacuí até o Gasômetro."

Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)