Funcionários do HPS querem manutenção da insalubridade
Contrários à medida do governo municipal que diminui a insalubridade de cerca de 800 servidores do Hospital de Pronto-Socorro de Porto Alegre, trabalhadores da instituição reivindicaram junto à Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam), na manhã desta terça-feira (23/6), a permanência do benefício de 40%. De acordo com Rodrigo Machado da Costa, presidente da Associação dos Funcionários do Hospital (ASHPS), mais de 80 funcionários já foram atingidos pela ação.
Estão reduzindo custos da prefeitura em cima dos direitos dos trabalhadores. É inaceitável que continuemos sob condições desumanas de trabalho sem reconhecimento do poder público, disse ao questionar o laudo elaborado pelo Executivo. Nosso risco iminente de vida não foi sequer considerado, afirmou ao ser aplaudido por cerca de 50 servidores presentes no ato. Faixas e cartazes pedindo a manutenção dos 40% de insalubridade eram mostrados aos membros da Comissão.
Conforme a vereadora Fernanda Melcchiona (PSOL), a prefeitura não busca soluções e sim caminhos para aniquilar direitos trabalhistas. Ao invés de cortar os gastos com publicidade, a prefeitura insiste em cortar verbas de trabalhadores que fazem milagres com tão pouco. Para o vereador Dr. Raul (PMDB), a estrutura do HPS está defasada e só continua com atendimento de referência devido à qualificação do corpo de profissionais. Estaremos sempre em defesa da manutenção dos 40% de insalubridade dos agentes de saúde que estão expostos a diferentes tipos de enfermidades, apoiou.
Representando a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Brizabel Rocha lamentou a ausência do gestor da pasta, Eliseu Santos, para justificar as medidas de governo e explicar detalhes sobre o laudo. Rocha apenas comprometeu-se em encaminhar ao prefeito José Fogaça, cópia da ata da reunião da Cosmam em que todas as reivindicações dos trabalhadores estão registradas. Sinto-me prejudicada em assumir um compromisso com os servidores, desculpou-se.
Enquadramento
Outra crítica levantada pelos funcionários diz respeito aos diferentes tratamentos que o laudo dá aos profissionais da saúde. De acordo com Rosy Clair Dei Ricardi, do Centro de Estudos do HPS, o diagnóstico da prefeitura reduz a insalubridade de servidores que estão expostos ao mesmo risco que profissionais cuja insalubridade é maior. Alguns enfermeiros possuem insalubridade de 40% enquanto médicos cirurgiões possuem direito a 20% para tratar dos mesmos pacientes. Que critérios de enquadramento são esses?, questionou.
Para a presidente do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), Carmem Padilha, a luta pela insalubridade começou ano passado e até agora nada avançou. É luta por dignidade e por melhores condições de trabalho, frisou ao afirmar que todos os funcionários do Hospital de Clínicas já têm garantido os 40%.
Apoio
Ao apoiar a manifestação dos servidores do HPS, o diretor médico da Instituição, Júlio Ferreira, reiterou as dificuldades estruturais e financeiras do hospital. Temos até funcionários vítimas de câncer trabalhando nos corredores do Hospital. São servidores que dão suas vidas em prol da dos outros, defendeu.
Conforme o presidente da Cosmam, vereador Carlos Todeschini (PT), a situação é ainda mais grave quando a prefeitura mente ao justificar a retirada da insalubridade como uma determinação de lei federal. O que existe é uma determinação política para garfar os direitos dos trabalhadores. A Comissão não aceitará esta postura, salientou ao avisar que os vereadores levarão ao prefeito as exigências e cobrarão uma posição sobre a situação. Se preciso for debateremos o assunto em plenário para que a insalubridade dos trabalhadores seja mantida, registrou.
Ainda participaram da reunião, os vereadores Aldacir Oliboni (PT), Dr. Thiago Duarte (PDT), Sofia Cavedon (PT), o Sindicato dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul e a Gerência do Samu.
Ester Scotti (reg. prof. 13387)