Comissões

Inter: destino de escolas de samba depende da Justiça

Amaro expôs apreensão dos carnavalescos Foto: Leonardo Contursi
Amaro expôs apreensão dos carnavalescos Foto: Leonardo Contursi

Representantes da Secretaria Extraordinária da Copa de 2014 (Secopa) e do Sport Club Internacional garantiram, nesta terça-feira (29/5), na Câmara Municipal de Porto Alegre, que a demora da Justiça para avaliar o pedido de desocupação de terreno vizinho ao Estádio Beira-Rio é o único grande entrave para a definição do destino das entidades carnavalescas situadas no entorno. A informação foi dada em reunião da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (Cece), na qual dirigentes das escolas Imperadores do Samba e Praiana e das bandas da Saldanha e Itinerante voltaram a manifestar apreensão com a transferência de suas sedes para ceder espaço às obras do Complexo Cultural Gigante para Sempre.

O gerente de Patrimônio do Internacional, Hélio Giaretta Júnior, e o engenheiro Ronaldo Bolognesi, da Comissão de Obras do clube, relataram que, devido à indefinição sobre a área disponível, existem apenas anteprojetos para as sedes dos carnavalescos. Giaretta lembrou que a ação de desocupação do terreno vizinho ao estádio, onde funciona uma lavagem de automóveis, tramita há dois anos na Justiça. Segundo ele, depois que a área for liberada, o próximo passo será segmentá-la em novas permissões de uso, analisar se os anteprojetos atendem às necessidades das entidades e entrar com projetos na Smov. Bolognesi sugeriu que o esforço do poder público seja para que a Justiça libere a área do lava-carros.   

Executivo

O secretário-adjunto da Secopa, José Mocellin, afirmou que o governo municipal “não está de braços cruzados” e que ninguém será transferido enquanto não houver projeto definitivo. De acordo com ele, o Internacional tem quatro anteprojetos para a área no entorno do estádio, que atendem a exigência da Fifa - responsável pela Copa do Mundo. Conforme Mocellin, o que falta são as escolas de samba e as bandas avaliarem as propostas com o Inter e a Secopa. O secretário lembrou que, além das agremiações carnavalescas, será necessário transferir famílias e um centro de reciclagem. Mocellin disse que uma comissão formada por várias secretarias e órgãos do Executivo está cuidando desses casos.

O engenheiro Nilmar Faccin, da Secopa, prometeu que os carnavalescos serão chamados para conhecerem o projeto previsto para a área vizinha ao Beira-Rio. Faccin garantiu que serão contempladas as necessidades de cada um. Ele enfatizou que a grande dificuldade para mudança das entidades é mesmo a falta de decisão judicial sobre o terreno da lavagem de carros. Faccin afirmou que entende a apreensão, mas ressalvou que, para um projeto definitivo, é preciso a definição da área.

Carnavalescos

O presidente da Associação das Entidades Carnavalescas de Porto Alegre, Victor Hugo Rodrigues Amaro, disse que as escolas de samba e as bandas estão apreensivas com seu destino. “Nosso sambódromo foi parar na divisa com Alvorada, quando estava prometido para próximo ao Beira-Rio”, lamentou. Amaro afirmou que as entidades querem acreditar na promessa do prefeito de mantê-las na área próxima ao estádio do Inter. “Mas temos de acertar no papel”, sugeriu.

A importância de definir rapidamente a situação das entidades vizinhas ao Beira-Rio foi salientada pelo presidente da Imperadores do Samba, Luís Carlos Amorim. Ele lembrou que as escolas dependem muito das quadras para realizar eventos e shows visando a arrecadação de recursos. “Se não temos um cronograma das obras, como vamos nos organizar?”, indagou. “Quanto tempo ficaremos sem nossas quadras? Tudo está muito vago.”

Diogo Fonseca, dirigente da Banda da Saldanha, recordou o quanto foi difícil erguer a atual sede. “Por isso, depois de toda a luta e sofrimento, devemos receber um pouco de consideração”, disse, cobrando a promessa do Executivo de remoção somente depois da conclusão das novas quadras. Fonseca garantiu que, antes da reunião de hoje, as entidades não receberam informação concreta sobre a transferência. Disse, porém, que ficou mais tranquilo com os dados divulgados pela Secopa. 

Pela Banda Itinerante, João Batista Diogo alertou que o tempo está passando e não há definição dos projetos para a área dos carnavalescos. “Fazemos reuniões há dois anos; já está chovendo no molhado”, reclamou. “A Copa está aí; não vai dar tempo de definir.”

O presidente da escola de samba Praiana, Miro Leal, endossou as manifestações. “Queremos posições concretas”, cobrou. Leal ainda solicitou que as entidades possam conhecer os anteprojetos do Internacional que estão com o Executivo.

Encaminhamentos

O vice-presidente da Cece, vereador DJ Cassiá (PTB), propôs que membros das entidades carnavalescas possam participar do Grupo de Trabalho sobre as obras para a Copa do Mundo montado pelo Executivo. “As escolas precisam saber de todo o andamento dos projetos”, defendeu. A sugestão de DJ será encaminhada ao prefeito, conforme prometeu o presidente da Cece, Professor Garcia (PMDB).

Garcia ainda anunciou que a Cece fará nova reunião sobre essa questão no dia 3 de julho, para a qual, segundo ele, o Internacional deverá trazer uma proposta mais elaborada. “Sabemos que há vontade do Inter, mas precisamos de algo mais completo”, disse.

Além de DJ Cassiá e Garcia, participaram da reunião os vereadores Tarciso Flecha Negra (PSD) e Sofia Cavedon (PT). Por parte do Executivo também compareceram o secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Planejamento, Francisco Dornelles, e Joaquim Lucena, representante da Secretaria Municipal de Cultura.

Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)