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Médicos debatem novo método para tratamento de feridas

  • Debate sobre tratamento de Feridas Complexas com Sistema de Terapia VAC
    Técnica foi apresentada aos vereadores (Foto: Esteban Duarte/CMPA)
  • Debate sobre tratamento de Feridas Complexas com Sistema de Terapia VAC. Na Foto: (Ao microfone)Secretário geral da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular RS, Dr. Guilherme Napp.
    Cirurgião Guilherme Napp vê a terapia com reservas (Foto: Esteban Duarte/CMPA)

O uso do sistema de terapia com pressão negativa VAC no tratamento de feridas complexas foi debatido na reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) na manhã desta terça-feira (14/7) na Câmara Municipal de Porto Alegre. O tema foi proposto pelo vereador Dr. Goulart (PTB), que trabalha há mais de 40 anos na área. “Esse sistema é uma novidade e precisamos discutir sobre a sua utilização porque poucos sabem da sua existência”.

A Terapia VAC é um sistema que conta com três espumas (tipo curativos) que entram em contato com a ferida, uma extensão que leva a pressão negativa e um equipamento que controla e localiza os milímetros de mercúrio que serão colocados no ferimento, garantindo a segurança do procedimento. O sistema é utilizado em queimaduras, feridas traumáticas, inflamatórias ou causadas por diabetes e lesões na região abdominal, tanto em crianças como em adultos.

Médicos divergem

A reunião teve a presença de médicos dos hospitais de Porto Alegre que recomendaram e preveniram sobre a terapia de pressão negativa. O secretário geral da Sociedade de Angiologia e Cirurgia Vascular, médico Guilherme Napp, alertou sobre os custos elevados e que é “necessário ter o diagnóstico correto antes de se indicar a terapia” porque ela não possui efeito se utilizada em pacientes que não necessitam.

Em contrapartida, o responsável pelo grupo de feridas da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, cirurgião plástico Francisco Tostes, comentou que trabalha há nova anos com a terapia, sendo um dos primeiros a utilizar o método no estado. “É um procedimento caro e que tem suas indicações bem estabelecidas, propiciando uma gama muito grande de tratamento, pois ele fecha a ferida de dentro para fora ao mesmo tempo em que a contrai”. Da mesma forma, a enfermeira Marla dos Santos, do Hospital São Lucas da PUCRS, trabalha com a terapia há quatro anos “pensando no melhor para o paciente”. “É um sistema fechado com um nível de contaminação muito baixo e os enfermos ficam mais independentes”, já que a troca do curativo ocorre, em média, a cada 3 dias. Utilizando a técnica desde 2010, quando assumiu o setor de queimaduras do Hospital Pronto Socorro, o médico Pablo Fagundes explanou que o método passou a ser mais utilizado depois do incêndio ocorrido na Boate Kiss em Santa Maria em 2013.

A gerente comercial da multinacional estadunidense Acelity, uma das primeiras a produzirem o equipamento, Camila Sobral, disse que nos últimos anos mais de 10 milhões de pessoas já foram curadas pelo procedimento e que há mais de 40 estudos especializados no assunto. Camila também comentou que as pesquisas demonstram que a Terapia VAC possibilita uma economia de tempo no tratamento, reduzindo o período e o custo com a internação, além de diminuir o sofrimento dos pacientes. Entretanto, segundo o consultor nacional da Acelity, Ricardo Sampaio, os gastos com a aquisição do sistema são elevados por causa da “tecnologia que é empregada e pelo produto ser importado de outros países”. Ele também explicou que no Rio de Janeiro o método já é amplamente difundido e “todos os hospitais municipais e estaduais utilizam a terapia VAC”.

SUS

Um problema mencionado por todos os participantes foi em relação ao custo alto da Terapia VAC, o que prejudica o uso pelo Sistema Único de Saúde. Médicos dos hospitais Santa Casa, São Lucas da PUCRS, Pronto Socorro e Cristo Redentor falaram sobre a dificuldade em poder disponibilizar a técnica a esses pacientes e que isso tem prejudicado o tratamento. Em algumas situações, a própria Instituição acaba arcando com as despesas por entender a necessidade dos internados e por querer liberar os leitos, já que o tratamento com a terapia de pressão negativa é mais rápido.

A presidente da Cosmam, Lourdes Sprenger (PMDB), afirmou que “o tema é muito importante” e que a terapia “deveria estar na saúde pública”. A vereadora disse que a questão será discutida na próxima reunião da comissão e que “nós podemos fazer alguns encaminhamentos ou palestras aqui na Câmara” e que, com a visibilidade, “talvez consigamos uma repercussão nacional” sobre o assunto.

Texto: Cleunice Maria Schlee (estagiária de Jornalismo)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)