Direitos Humanos

Pai e filho relatam agressões da Brigada durante protesto

  • Vereadores da CEDECONDH recebem denúncias de abuso policial contra manifestantes.
    Yuri e Andres estiveram na Câmara Municipal de Porto Alegre (Foto: Henrique Ferreira Bregão/CMPA)
  • Vereadores da CEDECONDH recebem denúncias de abuso policial contra manifestantes. Na foto, os vereadores Marcelo Sgarbossa e Comandente Nádia.
    Sgarbossa e Nádia (d) ouviram relatos da agressão (Foto: Henrique Ferreira Bregão/CMPA)

“Viemos pedir para fiscalizar a atuação da Brigada Militar nas manifestações. Não somos contra o trabalho das forças policiais, nem que atuem contra quem quebra, mas isto está sendo usado politicamente para prender manifestantes”, afirmou Andres Vince, pai do jovem Yuri que foi agredido pela BM na quinta-feira (9/2), durante uma manifestação contra o aumento da passagem de ônibus.

Os dois estiveram na Câmara Municipal de Porto Alegre, na manhã desta segunda-feira (13/2), relatando os excessos cometidos pela Brigada. Eles foram recebidos pelo presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh), Marcelo Sgarbossa (PT), e pela vereadora Comandante Nádia (PMDB), que faz parte da Cedecondh.

Como mostram as fotos e o vídeo encaminhados pela dupla, Yuri foi perseguido e agredido por brigadianos a golpes de cassetete, antes de ser detido e levado para o posto da BM na Praça XV de Novembro, onde teve pertences apreendidos. Foi lavrado um Termo Circunstanciado por dano ao patrimônio. “O que não aconteceu”, garante Andres. Uma advogada foi impedida de acompanhar o jovem, e disse ter sido desacatada pelos policiais.

Yuri participava da manifestação atuando como socorrista voluntário. Levava na mochila itens de primeiros socorros, e usava máscara anti-gás. Carregava no braço uma placa de compensado pintada com uma cruz vermelha e com as inscrições ‘Feridos pela BM + Atendimento aqui’. “Tomaram a placa e levantaram como se fosse um troféu”, disse. 

O pai reforçou que a perseguição a Yuri foi uma iniciativa pessoal de alguns policiais, sem uma ordem específica do comando. Andres relatou, ainda, ter sido atingido por gás de pimenta. “Se eu não estivesse aturdido teria tentado proteger meu filho das agressões, e provavelmente seria preso junto com ele”, comentou.

O pai também criticou o “uso político” das forças de segurança. “O Batalhão de Choque é para conter rebelião em presídio, e não para reprimir manifestantes. Viemos fazer esta denúncia porque isto foi quase uma detenção política. Estamos lutando pelo que a gente acredita.”

Sgarbossa reforça que a comissão está aberta para receber relatos de abusos cometidos por policiais e guardas municipais. “Somos testemunhas oculares dos excessos”, disse o presidente da Cedecondh, que também esteve na manifestação e foi atingido nas costas, por uma bala de borracha, em meio ao tumulto.

Texto: Stela Pastore (reg. prof. 7586)
Edição: Maurício Macedo (reg. prof. 9532)