Saúde

Proposta de ampliação do HPS revela impasse na Cosmam

Bósio (d) explicou que a estrutura atual do HPS está quase inviável  Foto: Bolívar Abascal Oberto
Bósio (d) explicou que a estrutura atual do HPS está quase inviável Foto: Bolívar Abascal Oberto

Projeto de ampliação do Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre vem gerando controvérsias entre o governo municipal, moradores do entorno e dirigentes da instituição. Na manhã desta terça-feira (19/10), a Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal ouviu e debateu os principais pontos envolvendo a proposta e os possíveis problemas que serão acarretados com a mudança que prevê a desapropriação de seis prédios comerciais e residenciais nos arredores da Avenida José Bonifácio.

Para Simone Kras Borges, do SOS Rua do Brique, com a nova obra do HPS, a região vai sofrer um grande impacto urbano e ambiental. "Não somos contra a modernização do HPS, mas essa mudança vai implicar na descaracterização da Redenção. Fora que o comércio, o trânsito e as moradias do entorno vão ser diretamente afetadas com o enorme fluxo de pessoas e automóveis", disse. Para ela, a solução ideal seria desafogar uma região já congestionada com a edificação de um Pronto-Socorro na Zona Sul.

Segundo Newton Baggio, da Secretaria Municipal de Gestão de Acompanhamento Estratégico (SMGAE), há uma preocupação de toda a administração municipal em aprimorar e modernizar a urgência de Porto Alegre para a demanda da Copa de 2014. "Com um hospital na zona sul ou não, a estrutura do HPS Central precisa ser ampliada de qualquer maneira", enfatizou. O projeto de ampliação, de autoria da Secretaria Municipal de Saúde, em conjunto com os dirigentes do HPS, encontra-se atualmente sob análise na Secretaria da Fazenda. Conforme Marcelo Bósio, secretário adjunto da SMS, o HPS precisa ampliar sua área física para instalar uma série de exigências que a legislação impõe. "Aquela estrutura está quase inviabilizada para atender a população", explicou.

A ampliação

A proposta da prefeitura prevê a o aumento de 1,4 mil metros quadrados em área para construção. "Queremos transferir o almoxarifado, edificar uma lavanderia nova, deslocar a central de caldeiras e a de oxigênio já que elas estão juntas atualmente, representando um risco para as pessoas", explicou o diretor da instituição, Júlio Ferreira. Segundo ele, todos estão cientes que haverá um impacto na região, mas não se pode aceitar mais o aperto em que o hospital se encontra. "Não podemos simplesmente reduzir a capacidade de atendimento. Precisamos de mais espaço para poder atender melhor", argumentou ao informar que as áreas de atendimento emergencial serão triplicadas com a mudança.

Presidindo os trabalhos da comissão, o vereador Beto Moesch (PP), registrou que tão importante quanto à ampliação do HPS está a preservação daquele espaço cultural como ponto de referência da cidade. "Precisamos calcular os impactos e achar soluções cabíveis para que as mudanças não sejam muito violentas para a população que vive ali". Proponente da reunião, o vereador Lúcio Barcellos (PSOL), alertou que antes da prefeitura tomar uma decisão dessa magnitude, é necessária a realização de uma audiência pública para debater a fundo com a sociedade. "Há um déficit de 350 funcionários no HPS, isso não vai ser corrigido com uma estrutura maior e sim com a descentralização da emergência na cidade", frisou. Uma visita às dependências do hospital está programada para as próximas semanas. Os vereadores Raul Torelly (PMDB) e Dr. Thiago Duarte (PDT) também participaram da reunião.

Ester Scotti (reg. prof. 13387)

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