Remoção de famílias para obras da Copa preocupa comunidades
A Câmara Municipal de Porto Alegre realizou nesta quinta-feira (21/6) Audiência Pública sobre o andamento das obras na cidade para a Copa do Mundo de 2014. Solicitada pela União das Associações de Moradores de Porto Alegre (Uampa), a reunião tratou de dúvidas das comunidades sobre a remoção de famílias para a execução das obras viárias. "A questão habitacional é a maior preocupação das pessoas que procuram a Uampa", disse o presidente da entidade, Sandro Chimendes.
Bônus baixo
Valdir Bohn Gass, que preside o Comitê da Tronco/Cristal, manifestou preocupação com a especulação imobiliária na região. Ele teme que as pessoas que serão removidas não consigam permanecer na região. "Os preços dos imóveis subiram mais de 400% naquela área." Para ele, é preciso que entidades, associações e demais representantes das comunidades se unam para negociar com a Prefeitura garantias de reassentamento satisfatório às famílias removidas. Bohn Gass acredita que um dos pontos que pode ser negociado é o valor do bônus-moradia, hoje de R$ 52 mil, que ele considera baixo para que uma família possa adquirir uma casa na região.
A representante da Secretaria Especial da Copa (Secopa), Ana Pellini, concordou que o valor do bônus-moradia é limitado, mas observou que ele só vale para quem mora hoje em habitação cujo valor de mercado é inferior aos R$ 52 mil oferecidos pelo Município. "Quem hoje tem uma casa que vale R$ 90 mil, por exemplo, vai receber este valor, exceto se optar pela nova habitação que será fornecida pela Prefeitura."
Avenida Tronco
Ana Pellini disse que a mesma preocupação da Uampa e do Comitê Tronco/Cristal sobre a questão habitacional é compartilhada pela Prefeitura. Observou que a administração municipal instalou junto à Vila Tronco um posto para informações à comunidade. Ela confirmou que 1,4 mil famílias serão removidas para a duplicação da Avenida Tronco e reiterou compromisso do prefeito José Fortunati de que a remoção se dará no sistema chave por chave.
"As pessoas só vão deixar suas casas quanto tiverem outra habitação disponível para morar." A representante da Secopa assegurou que as áreas adquiridas pela Prefeitura na região são suficientes para reassentar todas as famílias que serão removidas. Pellini reconheceu que as pessoas têm razão em ficarem angustiadas com a demora para início da construção das habitações das famílias removidas.
A demora, explicou ela, se deve à falta de empresas interessadas em construir as novas casas na primeira licitação. "Como não apareceram construtoras, a Prefeitura decidiu elevar o valor pago pelas habitações. Com isso, novo edital será lançado." A representante da Secopa acredita que se tudo correr dentro do previsto, em cerca de seis meses será iniciada a construção das habitações. Ela salientou que antes desta definição não será autorizada pela Prefeitura a obra de duplicação.
Vereadores
A audiência foi coordenada pelo presidente da Comissão Especial da Copa na Câmara Municipal, vereador Airto Ferronato (PSB), e teve as presenças também dos vereadores Carlos Todeschini (PT), Sofia Cavedon (PT), Valter Nagelstein (PMDB) e Nelcir Tessaro (PSD).
Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)