Comissão Representativa

Vereadores discutem fiscalização em casas noturnas da Capital

Dr. Thiago Duarte (d) presidiu a reunião  Foto: Desirée Ferreira
Dr. Thiago Duarte (d) presidiu a reunião Foto: Desirée Ferreira
Na reunião da Comissão Representativa desta quinta-feira (31/1), na Câmara Municipal de Porto Alegre, os vereadores e as vereadoras discutiram a fiscalização da segurança em casas noturnas da Capital:

UNIFORMIZAÇÃO - João Derly (PCdoB) sugeriu a unificação da concessão de alvarás em um único local. “Isso facilitaria todo o processo burocrático, além da fiscalização.” O vereador também defendeu a uniformização de leis municipais, estaduais e federais que tratem de questões semelhantes. “No esporte, não há regras diferentes de um local para o outro”, lembrou. Derly ainda destacou a importância de não se reduzir o debate apenas a casas noturnas: “A cidade tem diversos locais com grande fluxo de pessoas.” (HP)

TRAGÉDIA – “Não foi uma fatalidade, foi uma tragédia anunciada”. Assim Mônica Leal (PP) definiu o ocorrido em Santa Maria, no domingo passado. A vereadora lembrou que, como mãe, sempre se preocupou com a segurança de seus filhos, mas disse que nunca os questionou sobre a segurança dos locais por eles frequentados. Mônica recordou ainda que, em março de 2010, como secretária de Estado da Cultura, fechou por alguns meses a sala de cinema Norberto Lubisco, na Casa de Cultura Mario Quintana, por questões de segurança. “Enfrentei críticas, mas a sala só reabriu quando teve condições de oferecer segurança aos frequentadores”. (HP)

CLASSES - Jussara Cony (PCdoB) solicitou que as vistorias que vem sendo feitas pela prefeitura em casas de diversão da cidade não sejam selecionadas sob a ótica daqueles que as frequentam. “Todos os locais aqui citados são da Cidade Baixa. É preciso vistoriar locais da classe média alta também.” A vereadora igualmente destacou a necessidade de que qualquer revisão em leis ou mesmo novas leis que venham a ser feitas nesta área não fiquem “em descompasso com a dinâmica da vida”. “Não podemos ter leis que restrinjam o direito à diversão e à cultura”, afirmou. Jussara sugeriu ainda que se avancem nas discussões sobre o que é cultura e o que é entretenimento. (HP)

POPULAÇÃO – Lourdes Sprenger (PMDB) destacou a necessidade da população participar dos processos de fiscalização dos locais que frequenta, em questões que dizem respeito à segurança. “A legislação em vigor determina a exibição pública de alvarás de funcionamento e do PPCI. Se não houver, o local não cumpre a lei.” Lourdes também sugeriu a adoção de novas dinâmicas tecnológicas que facilitem o trabalho de fiscalização com a divulgação de relatórios acessíveis e disse que, se os recursos previstos no Funrebom são insuficientes para as demandas existentes, os vereadores, ao examinarem o próximo Orçamento do município, devem então apresentar emendas de modo a sanar esse problema. (HP)

SANTA MARIA - Professor Garcia (PMDB) prestou solidariedade aos amigos e familiares das vítimas da tragédia em Santa Maria. “Essa dor dos familiares é uma dor de todos”, disse. Pediu o real cumprimento da legislação. Disse que na periferia de Porto Alegre existem inúmeros estabelecimentos irregulares e pediu para que os órgãos fiscalizem e autuem. O vereador questionou o critério para concessão de alvarás e destacou a importância de um estabelecimento funcionar com segurança. “É necessário um check list antes de receber o alvará.” Também lembrou a votação do Fundo de Reequipamento do Corpo de Bombeiros. “Temos que fazer a mea culpa, sim. Tragédias como a de Santa Maria não podem se repetir nunca mais.” (GS)

FISCALIZAÇÃO - Cláudio Janta (PDT) pediu para o prefeito divulgar o nome das casas noturnas fiscalizadas. Disse que em Porto Alegre tem 25 casas com processo de regularização. Lembrou que, na adolescência, frequentava o Ocidente, que hoje estaria irregular, assim como o Carinhoso e o Bucaneiro. O vereador pediu que o Governo do Estado, Assembleia Legislativa, Prefeitura Municipal e Câmara se unam para evitar que eventos como o que aconteceu em Santa Maria não se repitam. “Eu quero ter acesso ao site da Prefeitura e ver que o estabelecimento está legal e pronto para funcionar e receber a população. Nada supera o investimento na vida dos nossos filhos”, disse. Defendeu ainda que a Prefeitura casse alvarás vencidos. (GS)

ALVARÁS - Ao debater os critérios para concessão de alvarás, Sofia Cavedon (PT) questionou: "Depois da tragédia em Santa Maria, a "bola da vez" são as boates. Mas será que apenas elas oferecem risco? Não tenho dúvidas de que, numa vistoria, muitos estabelecimentos comerciais e órgãos públicos seriam reprovados”. Lembrou que é necessário vistoriar não só as boates, mas também, igrejas, shoppings, escolas, teatros e estádios. Citou o exemplo do Teatro de Arena, no Viaduto Otávio Rocha, que não tem saída de emergência. Ela elogiou o amplo apoio do poder público no atendimento às vitimas. "O país e o mundo estão refletindo sobre o que aconteceu em Santa Maria. Não podemos mais compactuar com a impunidade.” (GS)

SOLIDARIEDADE - “Estamos solidários com as vítimas de Santa Maria e com as da Vila Liberdade em Porto Alegre”, disse Delegado Cleiton (PDT). Elogiou a rede de solidariedade que se formou no socorro às vítimas nos incêndios da boate de Santa Maria e da Vila Liberdade, em Porto Alegre. Reivindicou melhores condições de trabalho para o Corpo de Bombeiros e pediu que o Governo do Estado crie uma comissão permanente para melhorar o aparelhamento dos Bombeiros. “Não quero aqui sacrificar os donos de boates. Eles dão emprego a muitas pessoas”, disse. Salientou que é preciso ser mais efetivo, com normas claras, fiscalização e punições mais rigorosas em todos os locais onde haja grande aglomeração de pessoas. (GS)

AUTUAÇÕES - Cássio Trogildo (PTB) chamou a atenção para a necessidade de fiscalização intensiva do Executivo municipal sobre as casas noturnas. Ele alertou que não adianta ter a legislação sobre o tema se os agentes públicos não a aplicarem. “Diversas autuações foram feitas na época em que eu estava à frente da Smov – em parceria com a Smic –, e fomos duramente criticados por isto”, lembra o vereador. Trogildo propõe a criação de uma comissão específica para revisar a legislação municipal de combate a incêndios em estabelecimentos comerciais, uma vez que a lei vigente é de 1998. (GF)
 
SEGURANÇA - Mauro Pinheiro (PT) explica que a Lei Complementar 420/1998 (Lei de Segurança Contra Incêndios) é complexa e completa, porque aponta vários mecanismos de segurança. De acordo com este dispositivo legal, afirma o vereador, a maior parte da fiscalização contra incêndios é de responsabilidade do município. “A minha preocupação é como, se a Lei for aplicada, a Smic vai conseguir fiscalizar todos os estabelecimentos comerciais com uma equipe tão pequena”, questiona Pinheiro. (GF)

VISTORIA - Mário Fraga (PDT) pediu que duas casas existentes na Zona Sul da Capital sejam vistoriadas. Também fez referência a um panfleto, com orientações sobre segurança, que foi distribuído por uma ONG no plenário e dizia: “A vida é uma grande festa, você não precisa sair mais cedo”. Para o vereador, “com essas orientações, muitas tragédias poderiam ser evitadas”. Também comentou o acidente ocorrido na noite de quarta-feira (30/1) na Arena do Grêmio. “Sou gremista, mas é iminente o perigo se a avalanche continuar.” Fraga disse que, por parte do Legislativo, tanto no âmbito municipal como estadual e federal, projetos irão reforçar as normas de fiscalização e regramentos para garantir a segurança dos cidadãos. (MG)

BOMBEIROS - Alberto Kopptike (PT) destacou a necessidade de reestruturação e modernização do Corpo de Bombeiros, tema que já estaria sendo tratado pelo governo do Estado. “O Corpo de Bombeiros não pode ser mais um departamento da Brigada Militar”, defendeu, lembrando que a corporação deve ter oficiais e formação específicos. Ainda destacou que o orçamento do Corpo de Bombeiros precisaria ser aumentado, bem como defendeu que o marco legal que regula o tema seja debatido. “É fundamental que estejamos conectados ao debate em curso na Câmara Federal e na Assembleia.” Segundo ele, é preciso racionalizar processos e licenciamentos, diminuindo a burocracia. “Hoje são cinco licenças mais o PCCI.” (MG)

SEMINÁRIO - Fernanda Melchionna (PSOL) manifestou sua solidariedade aos jovens e famílias de Santa Maria. “É um momento em que se clama por justiça. Como é possível que a Kiss tivesse um plano de prevenção de incêndio concedido anteriormente pelo Corpo de Bombeiros? Quais os critérios para a concessão de alvará e como uma casa sem condições tinha um PPCI?”, indagou. Em relação ao município e as políticas públicas, Fernanda informou que a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos fará um seminário, no próximo dia 7, para discutir propostas de para prevenção e fiscalização dos estabelecimentos noturnos e ressaltou que a Cedecondh está à disposição para participar de forças-tarefa para a fiscalização das casas. (MG)

Texto: Gustavo Ferenci (reg. prof. 14.303)
  Guga Stefanello (reg. prof. 12.315)
  Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)
  
Milton Gerson (reg.prof. 6539)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)