Vila Liberdade pede pressa na construção de casas
Moradores da Vila Liberdade reivindicaram hoje (10/9), na Tribuna Popular da Câmara Municipal de Porto Alegre, a construção de casas para 600 famílias que moram na área. Conforme Élida Marina Dutra Ferreira, da Associação Beneficente Comunitária de Moradores do Conjunto Residencial Mario Quintana, a comunidade já cansou de esperar pela obra. "Em maio de 2008, o prefeito José Fogaça prometeu as casas para 2009, mas já estamos em setembro e nada foi feito."
Élida disse que, na mais recente assembléia do Orçamento Participativo, a Vila Liberdade reuniu 1,8 mil pessoas, que definiram como prioridade a construção das casas. "Não queremos passar à frente de ninguém, mas achamos que nossa hora chegou." Para a representante da associação, não é mais possível que a comunidade seja obrigada a conviver com ratos, baratas, doenças e com moradias precárias. "Só queremos ter uma melhor qualidade de vida, pois hoje vivemos uma situação de calamidade pública." Acrescentou que a Vila Liberdade acompanhou outros assentamentos e que agora espera ansiosa a sua vez.
Líderes apoiam a comunidade
O líder do PSB, vereador Airto Ferronato, disse que é preciso encontrar mecanismos para que as comunidades possam cobrar a execução de obras aprovadas no OP. "Não há nada mais importante para a dignidade do ser humano que a moradia".
Nilo Santos (PTB) informou que amanhã a direção do Demhab receberá representantes da Vila Liberdade para tratar do problema. "A pressão da comunidade é necessária e legítima. Mas o importante é participar, conversar com quem pode resolver o problema."
Fernanda Melchionna (PSOL) disse que não há nada de demagógico na luta da comunidade e considera um desrespeito que alguns vereadores tentem desmerecer a mobilização classificando-a de partidária. "O ser humano faz política sempre. Só a luta da comunidade é que garantirá qualquer conquista. Há dez anos a vila luta por moradia."
Carlos Comassetto (PT) acusou o governo de não cumprir acordo firmado com os vereadores em maio de 2008 para construção de moradias na Vila Liberdade. Comassetto rasgou na tribuna a ata da reunião que resultou no acordo. "Quem faz politicagem é quem assume compromisso e não cumpre. Se o Demhab quiser, a bancada do PT vai ajudar a prefeitura a captar recursos federais para construir as casas."
Luciano Marcantônio (PDT) considerou justa a reivindicação da comunidade e prometeu pressionar a direção do Demhab a resolver o impasse. Disse que conhece a vila pois há nove anos atua na região. "O problema não é partidário, é humanitário. Está, portanto, acima dos interesses dos partidos."
O líder do PSDB, Luiz Braz, disse que quando se busca solução para um problema é preciso unir esforços. Para ele, não se pode ver o Executivo como demônio e a oposição como anjo. Para ele, com demagogia não se chega a lugar nenhum. "Já tem inclusive audiência marcada com o Demhab pois há o desejo da prefeitura em resolver o impasse."
Valter Nagelstein (PMDB), líder do governo, lamentou a postura de Comassetto de rasgar a ata da reunião do acordo entre vereadores e Câmara em 2008. Para ele, não é por maldade que até agora não se resolveu o problema da Vila Liberdade. "Se fosse assim, o que diríamos do PT, que ficou 16 anos no governo e não solucionou o problema?" Nagesltein observou que a velocidade com que as coisas estão sendo feitas pelo governo atual "não é a que queríamos, mas é a velocidade possível".
Maria Celeste (PT), líder da oposição, disse que observou na Casa um esforço conjunto de vários vereadores e que espera ver os compromissos concretizados. Defendeu Comassetto por ter rasgado um acordo que, ressaltou ela, não foi cumprido pelo governo. "A Casa não tem sido respeitada pelo Executivo. O governo não envia representantes às reuniões e às audiências públicas. O prefeito tem responsabilidade de fazer, pois foi eleito para isso."
Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)