Denunciada violência de policiais da BM e do BOE
Lideranças comunitárias dos bairros Partenon e Cristal denunciaram, nesta quarta-feira (15/8), à presidência da Câmara Municipal de Porto Alegre, atos de violência praticados por policiais da Brigada Militar e do Batalhão de Operações Especiais (BOE). A presidenta da Casa em Exercício, vereadora Maristela Meneghetti (Dem), disse que a Câmara dará o apoio necessário para resolver a situação.
Outra definição da presidência foi a realização de audiência pública sobre essa questão, no mês de setembro, a ser coordenada pela Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh).
Durante a reunião com a presidência da Câmara Municipal, Marília Fidel, presidenta da Associação de Moradores da Vila Maria da Conceição, Bairro Partenon, relatou agressões verbal e física que ela e seu filho sofreram, na segunda-feira (13/8). Conforme a denúncia, o ato foi praticado por policiais do BOE que invadiram sua residência. Marília disse que havia três policiais na casa e cinco do lado de fora, todos com armas pesadas e, segundo ela, uma delas foi apontada para o seu filho, que foi ameaçado de morte à qualquer reação.
Marília disse ainda que os policiais revistaram a casa e levaram dinheiro do filho alegando ser originário do tráfico. A abordagem foi justificada por suspeitas de que seu filho estivesse acobertando o roubo de um veículo. Como vou defender os agentes da segurança pública se estão violando, constantemente, os nossos direitos de cidadão, isso é abuso de autoridade, reclamou.
Marília disse que o fato foi também denunciado para a Comissão de Direitos Humanos da Ordem do Advogados do Brasil e da Assembléia Legislativa e será registrado na Corregedoria da Polícia para inquérito.
Outro caso denunciado na mesma oportunidade, ocorreu na creche Casa de Nazaré, Bairro Cristal, no dia 20 de julho. Solange Gonçalves Batalha Navarro, representante da entidade que atende crianças e realiza trabalhos educativos com os jovens, informou que naquela data, policiais militares autuaram um dos jovens da comunidade durante o intervalo do curso de padeiro, que estava fazendo.
"Os policiais alegaram a abordagem ao menino por ele ter corrido quando se aproximaram", disse. De acordo com Solange, o adolescente se direcionou para dentro da creche e os policiais invadiram o local, dizendo que poderia haver armas ou drogas escondidas no local. Solange disse ter tentado argumentar: "Mas eles me mandaram calar a boca".
O vereador Carlos Comassetto (PT), presidente da Cedecondh, que acompanhou a reunião, informou que a comissão vem recebendo há tempos denúncias de casos de violência e de abuso de autoridade de policiais da BM e do BOE. Comassetto salientou que essa postura não pode continuar. Nós queremos um Estado responsável e não agressor, afirmou.
Alessandra Obem (reg. prof. 6784)