Desenvolver a orla do Guaíba é o grande desafio, diz Duff
Para que uma cidade seja mais atrativa no futuro, os administradores públicos de Porto Alegre precisam tornar o ambiente urbano em um local atrativo para seus moradores. "Caso contrário, os habitantes abandonarão os grandes centros rumo à qualidade de vida em outro lugar", revelou o arquiteto americano Charles Duff, na tarde desta terça-feira (22/7), durante o painel Experiências Contemporâneas de Renovação Urbana - atividade de encerramento do fórum de debates, Porto Alegre, uma visão de futuro. Duff é presidente da organização sem fins lucrativos Jubilee Baltimore que, ao longo de duas décadas, construiu mais de 200 edifícios nos bairros históricos de Baltimore - maior cidade do Estado americano de Maryland.
Ao relatar as experiências de desenvolvimento das cidades americanas no século passado, Duff afirmou que ao tornar-se um país rico e com distribuição de renda, os Estados Unidos não conseguiram conter o crescimento exagerado dos grandes centros urbanos. "Toda a família americana começou a adquirir um carro sem que a cidade estivesse preparada para receber a demanda", disse. Para ele, Porto Alegre não pode chegar a este patamar.
"A Capital gaúcha deve descobrir novos princípios de desenvolvimento acoplados à satisfação dos moradores", explicou. Ao elogiar o potencial da orla do lago Guaíba, Duff reiterou a necessidade de se construir no local, estabelecimentos comerciais, ciclovias e parques públicos. "Desta forma, a orla além de virar um atrativo turístico gerará crescimento sustentável a Porto Alegre", registrou ao destacar que o desenvolvimento industrial na região precisa ser controlado para que a vista dos porto-alegrenses ao lago seja preservada.
Conforme o palestrante, uma orla revitalizada pode ajudar e seria capaz de competir com a área do bairro Moinhos de Vento em termos de restaurantes e cafés. "As áreas das cercanias de uma orla desenvolvida se tornariam gradualmente mais atrativas", frisou.
Atenção ao centro da cidade
Segundo Duff, o centro de Porto Alegre não deve ser negligenciado por seus governantes. "É preciso dar vida à região central e torná-la um espaço de convivência". Cidades como Chicago, São Francisco e Nova Iorque, segundo o arquiteto, são exemplos de capitais que conseguiram transformar seus centros em regiões residenciais e de lazer. Além disto, defendeu a extinção do muro da Mauá como forma de ligação direta entre o centro e o lago. "As pessoas precisam apreciar o que Porto Alegre tem de melhor. As belas águas do Guaíba devem fazer parte do cotidiano dos moradores", insistiu.
Cais do Porto
Os armazéns do Cais do Porto também foram destacados como ferramentas de desenvolvimento pelo arquiteto. De acordo com Duff, os prédios históricos merecem ser preservados, mas necessitam de restauração para "enchê-los de vida", resumiu. Como alternativa, sugeriu que sejam colocados nos edifícios, cafés, bares, restaurantes e lojas nos seus interiores. "Os passeios pela orla serão mais atrativos para os pedestres", argumentou.
Ao parabenizar o cuidado que os moradores têm com a cidade, Duff desejou que em dez anos, ao voltar a visitar a capital dos gaúchos, os transeuntes estejam aptos a caminhar pela orla do Gasômetro em direção à Independência e ao Moinhos de Vento. "Ao saber apreciar o Guaíba, Porto Alegre será muito mais feliz".
Ester Scotti (reg. prof. 13387)