Denúncia

Empresário reafirma pagamento de propina a assessor da SMS

Melo (e) disse que, se preciso for, abrirá seus sigilos bancário e telefônico Foto: Tonico Alvares
Melo (e) disse que, se preciso for, abrirá seus sigilos bancário e telefônico Foto: Tonico Alvares

Um dia após ouvir explicações do secretário municipal de saúde, Eliseu Santos, negando envolvimento no suposto pagamento de propina da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) à empresa de segurança Reação, os vereadores da Câmara Municipal escutaram do diretor Jorge Renato Melo a reafirmação das denúncias feitas à imprensa na semana passada. Os relatos foram acolhidos nesta terça-feira (19/5), em reunião extraordinária da Casa, no plenário Ana Terra. Os trabalhos foram coordenados pelo presidente em exercício, vereador Adeli Sell (PT). “Cabe ao Legislativo o cumprimento da democracia, a abertura ao contraditório e a permissão para que a sociedade se manifeste. Como vereadores, devemos estar atentos aos fatos que envolvam a cidade e sua administração”, defendeu Adeli.

Ao começar o pronunciamento, o empresário afirmou que foram mais de oito meses de suborno – pago pela empresa ao ex-assessor jurídico da SMS, Marco Antônio Bernardes –, para que a prestação de serviços fosse mantida pela Secretaria. Valores entre R$ 10 mil e R$ 30 mil teriam sido acertados, segundo informou Melo. “A forma de pagamento era em dinheiro e feita mensalmente ao assessor”, disse. Cópias de contratos e de documentos que comprovariam o esquema foram entregues aos vereadores. Segundo ele, outras formas de favorecimento também teriam sido empregadas como abastecimentos de tanques de gasolina, promoção de festas em favor de um candidato do PTB e autorização para que veículos próprios da empresa fossem utilizados em campanha.

“Fiz um churrasco onde foram distribuídos santinhos e adesivos do então candidato a vereador Maurício Dziedricki”, afirmou, ao negar qualquer contato com o próprio candidato. “Nunca tive relação com ele. As pessoas com quem eu tratava eram as que cobravam apoio a ele. Fomos pressionados e induzidos a ajudar na campanha para não estremecer a relação entre a Secretaria e a empresa”, sublinhou. Ao ser acusado de criminoso por alguns vereadores, Melo foi enfático: “Se minha prática for provada como corrupção ativa, quero ir para a cadeia, mas vou levar gente junto comigo”, ameaçou.

Salários atrasados

Funcionários da Reação presentes à reunião protestaram contra a demora no pagamento dos vencimentos que deveriam ter sido quitados pela prefeitura após a quebra de contrato entre a SMS e a empresa. Conforme registraram, são dois meses de salários atrasados. “Não temos dinheiro para passagem de ônibus nem para comprar um pão”, queixou-se o vigilante Luiz Antônio Batista Carvalho.

Para o líder da bancada do PTB, vereador Nilo Santos, é dever da Câmara Municipal cobrar que os salários sejam pagos o quanto antes. "Os funcionários não são culpados por toda essa história", frisou, ao ser complementado pelo vereador Delegado Fernando (PTB): "É preciso esgotar todas as possibilidades de investigação até chegar na CPI. Se preciso for, nós assinaremos." Ao pedir que o depoimento gravado do empresário fosse enviado ao Ministério Público, a líder da bancada petista, vereadora Maria Celeste (PT), reiterou a gravidade das acusações. "A CPI se faz cada vez mais necessária para que cada detalhe seja esclarecido."

Encaminhamentos

Conforme o presidente Adeli Sell, serão recolhidas assinatura dos 36 vereadores para que a prefeitura assuma a responsabilidade de pagar os salários atrasados dos funcionários da empresa. Além disto, ficou determinado que cópias dos documentos entregues aos vereadores pelo empresário serão repassadas à prefeitura, ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado. Uma reunião conjunta entre as comissões da Casa também será chamada para colocar frente a frente o secretário Eliseu Santos e o empresário.

Acompanharam o depoimento os vereadores Alceu Brasinha (PTB), Aldacir Oliboni (PT), Bernardinho Vendruscolo (PMDB), Carlos Todeschini (PT), Delegado Fernando (PTB), DJ Cássia (PTB), Dr. Raul (PMDB), Engenheiro Comassetto (PT), Fernanda Mechionna (PSOL), Haroldo de Souza (PMDB), João Pancinha (PMDB), Luiz Braz (PSDB), Mauro Pinheiro (PT), Nelcir Tessaro (PTB), Pedro Ruas (PSOL), Toni Proença (PPS) e Valter Nagelstein (PMDB).

Ester Scotti (reg. prof. 13387)

Ouça:
Empresário confirma esquema de corrupção na Saúde