Comissões

Lojistas reclamam das depredações por manifestantes no Centro

  • A comissão discutiu o reflexo das manifestações no comércio e nos bancos do centro da cidade.
    Lojistas pediram que a Câmara legisle sobre os protestos de rua (Foto: Carolina Andriola/CMPA)
  • A comissão discutiu o reflexo das manifestações no comércio e nos bancos do centro da cidade. Na foto: Presidente do Sindilojas, Paulo Kruse e Presidente do CDL, Alcides Debus
    Paulo Kruse, do Sindilojas, e Alcides Debus, da CDL, lamentaram prejuízos (Foto: Carolina Andriola/CMPA)

A Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh) da Câmara Municipal de Porto Alegre recebeu, nesta segunda-feira (6/3) pela manhã, representantes dos dirigentes lojistas da Capital. Na ocasião, os presidentes do Sindicato dos Lojistas (Sindilojas), Paulo Kruse, e da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Alcides Debus, reclamaram dos prejuízos decorrentes das depredações ocorridas durante as recentes manifestações no Centro Histórico. Segundo eles, ao menos duas lojas e duas instituições bancárias foram depredadas há cerca de três semanas.

A vereadora Comandante Nádia (PMDB) disse que o objetivo da reunião, proposta por ela, era o de ouvir também as pessoas e entidades que se sentiram prejudicadas pelas depredações ocorridas durante as manifestações. “Já ouvimos relatos de manifestantes que reclamaram da atuação da Brigada Militar durante os protestos, mas também fomos procurados por lojistas atingidos pelas depredações e prejudicados com o fechamento das lojas. A cidade é de todos, não apenas das minorias.”

Paulo Kruse defendeu que os manifestantes que fazem depredações sejam acionados judicialmente pelo poder público. “É preciso filmar as pessoas que depredam e fazer com que elas paguem o prejuízo. O comerciante gera emprego e não pode ter seu patrimônio depredado”, disse o presidente do Sindilojas. Kruse também sugeriu que a Câmara Municipal legisle sobre o tema, regulando o uso das ruas para as manifestações em Porto Alegre. “A Câmara tem de agir para todos. As depredações geram quedas de vendas que significam prejuízos no mês inteiro.”

Manifestações civilizadas

Alcides Debus disse respeitar o direito à manifestação democrática dos movimentos sociais, mas criticou a prática de depredações de estabelecimentos comerciais e patrimônio público por parte de alguns manifestantes. “Muitas famílias dependem daquele comércio atingido pelas depredações. É preciso tratar do tema para que se façam manifestações mais civilizadas”, declarou o presidente da CDL.

O presidente da Cedecondh, vereador Marcelo Sgarbossa (PT), salientou que o direito às manifestações deve ser garantido, mas afirmou que também condena depredações. Relatando já ter participado de diversos protestos de rua, Sgarbossa lembrou que a Brigada Militar tem deixado de fazer cordões de proteção aos manifestantes e contra as depredações. “Em certas mobilizações, os próprios manifestantes montavam esta proteção.”

De acordo com a vereadora Comandante Nádia, a BM deixou de acompanhar as passeatas, fazendo o cordão de segurança, porque os próprios manifestantes reclamavam que estariam sendo constrangidos pela presença dos brigadianos. Ela também lamentou que algumas manifestações não sejam previamente comunicadas ao poder público, o que permitiria organizar o trânsito e a segurança no local. “A BM não pode acompanhar se não há roteiro prévio. Todos têm direito à manifestação, desde que solicitem segurança.”

Sgarbossa, no entanto, ponderou que as manifestações atuais são formadas por muitos grupos, não havendo geralmente um único movimento responsável por elas. “Não há necessidade dos manifestantes pedirem autorização do poder público, mas apenas que comuniquem para que se evite que duas manifestações ocupem o mesmo local no mesmo dia e horário.”

Já o vereador Cassiá Carpes (PP) destacou que as manifestações na cidade precisam ser ordeiras. “O radicalismo não leva a nada. O assunto não é ideológico. Há alguns grupos de pessoas que costumam se desviar do local das manifestações para praticar depredações. Esses focos precisam ser controlados.”

Também participaram da reunião o coordenador-adjunto do Conselho Municipal de Segurança Urbana, Gilmar Drago, e o representante da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE), Rodrigo Petter Gitai.

Texto: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)
Edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)